sexta-feira, 15 de maio de 2009

5x16-17 "The Incident"

É inevitável que o comentário sobre esse Season Finale se transforme num comentário sobre a temporada em si, mas vou tentar separar as análises para não me atropelar.

Antes de mais nada, a quinta temporada em si não foi tão boa quanto seu início prometia. Tanto é que eu nem tive muita vontade de comentar os episódios depois de "Life and Death of Jeremy Bentham," "Dead is Dead" à parte. Agora que a temporada já terminou e pode ser analisada como um todo, fica claro que os produtores não souberam como conduzir a história dos Losties na década de 70. Estabeleceram uma premissa ótima (a de Sawyer e cia. terem encontrado um lar entre os membros da Iniciativa Dharma), mas depois do retorno dos O6 parece que tudo descambou. Muitas bolas boas foram levantadas mas ninguém cortou. Em momento algum me senti envolvido pelo plot ridículo do Little Linus, Sayid tirou férias da série (o Naveen Andrews sempre esnoba tanto Lost que eu começo a querer que ele não volte para a sexta temporada, pelo menos não se for pra ficar atuando por telefone desse jeito), Jack ficou completamente ridículo, Kate foi totalmente apática (pra alguém que voltou pra procurar a Claire, ela fez algo nesse sentido o impressionante número de ZERO vezes desde que chegou). Sawyer e Juliet eram a única coisa que despertava meu interesse, mas só eles e o alívio cômico de Hurley e Miles não foram suficientes pra vencer o tédio que dominou o núcleo Dharmaville. As coisas começaram a melhorar com a volta do Faraday, mas já tava tão perto do fim que eu me forcei a esperar antes de voltar a comentar, pra não acabar mordendo minha língua.

Por outro lado, a história que REALMENTE empolgava, a ressurreição de Locke e a virada de mesa dele sobre Ben, foi administrada a conta-gotas. Acho que não custava nada ter balanceado as coisas, botado um pouco mais de enrolation no núcleo Ben-Locke e enxugado mais o núcleo Dharma. Não é como se eles não soubessem dar ritmo a uma temporada, a quarta foi excelente do início ao fim, claramente planejada. Essa quinta, nem tanto. Mas claro que ainda está anos-luz à frente da sofrível terceira temporada, que isso fique bem claro.

Agora. Lost tem uma característica muito engraçada, que eu sempre comento: os finales às vezes são tão diametralmente opostos, em termos de qualidade, ao resto da temporada que eu me sinto tentado a dar um shift neles e considerá-los parte da temporada seguinte. Não o da primeira, claro, que foi absolutamente linear e condizente com o resto, e nem o da quarta (segunda melhor temporada na minha opinião, lá em cima com a primeira), que foi o desfecho de um arco narrativo magistralmente conduzido. Mas os finales da segunda e da terceira temporadas são muito chocantemente diferentes do resto. O da segunda temporada foi uma decepção enorme para mim. Conseugiu praticamente destruir o que tinha potencial para ser a melhor temporada de todas. E por isso eu costumo fingir que ele é na verdade o season premiere da terceira temporada, que é aquele lixo que todos conhecemos. PORÉM, entretanto contudo, o season finale da terceira temporada é o MELHOR. FINALE. DA. HISTÓRIA. Não falo só de Lost, mas de todas as séries que eu assisto, e provavelmente de todas as que eu nunca assisti também. A terceira temporada foi pegando fôlego da metade em diante, mas nada que justificasse um episódio tão bom. Por essa razão, eu considero o finale da 3a como o season premiere da 4a temporada.

Pois bem. Ainda não sei como será a sexta (e última) temporada de Lost, mas já estou totalmente inclinado a considerar o 5x16/17 como parte dela. E não apenas porque é um episódio que, a exemplo do finale da 3a temporada, modifica COMPLETAMENTE o assunto da série - e de um modo positivo, acrescento! - como também porque a cena inicial dele é melhor do que qualquer cena incial de temporada até hoje. A cena entre Jacob e - posso explanar? Ninguém ainda pescou? - seu irmão Esaú sentados na praia, observando a chegada do Black Rock... aquele diálogo sobre Esaú odiar Jacob e precisar desesperadamente matá-lo, a noção implícita de que ele não pode fazê-lo diretamente (reforçada pela menção ao loophole, literalmente uma brecha na lei, nas cenas finais), todas as peças se encaixando. "Deus ama você como amou Jacó." COMO ninguém cantou essa bola naquela época distante de 2007? Como os produtores conseguiram fazer esse "a-há!" mesmo com a série sendo constantemente analisada e esmiuçada por milhões de cérebros ao redor do mundo?

Eu digo como. Um truque sujo. Eles convenientemente nunca insinuaram, nem de muito leve, que havia outra entidade na ilha além de Jacob. A guerra milenar entre eles dois foi referenciada de forma que TODOS pensassem ser uma guerra entre Widmore e Linus, que agora percebemos serem apenas capangas disputando o middle management. É um truque que eu sempre soube que iria rolar - na verdade, TORCIA para rolar, porque essa é a única forma de fazer uma revelação chocante em um mistério que todo mundo já revirou e re-revirou, definir uma peça do quebra-cabeças que, retirada do lugar, inviabiliza totalmente o encaixe das outras, e só entregá-la na última cena. Damon, Carlton, desculpem por eu ter duvidado de vocês. Vocês sabem o que fazem, no fim das contas!

De fato, "The Incident" é o primeiro episódio em muito - MUITO - tempo, em que eu senti que as revelações não foram inventadas na última reunião de roteiristas. A quarta temporada havia recuperado minha fé em Lost como obra de entretenimento, mas foi esse episódio que recuperou também minha fé na série como um mistério coeso. Tudo isso havia ido por água abaixo no fim da segunda temporada. Agora, eu estou até teorizando - alguém me interne! E sim, eu tenho plena consciência que os mesmos elementos que me fizeram pirar nesse season finale vão fazer muita gente abandonar a série, com o mesmo ódio que eu senti no fim da segunda temporada. Mas todo mundo sabia que a revelação final do que está em jogo alienaria muita gente, porque cada um tem a sua história própria na cabeça. Eu, por exemplo, reviro os olhos à idéia de uma força magnética que parte avião (de alumínio) no meio sem engolir todas as outras coisas de metal num raio de kilometros antes... mas com todo bom nerd de quadrinhos (coisa que Damon Lindelof também é, e esse finale é a prova disso), eu tenho por lei que releitura de mitologia do velho testamento, muito como molho Shoyu, deixa TUDO mais gostoso =P Então me perdoem os que ainda tinham esperança de uma explicação lógica e científica. Chorarei uma única lágrima de solidarieadade a vocês, mas vou continuar achando Lost ainda mais foda por ter seguido o caminho que seguiu.

1180 palavras digitadas já, e eu ainda não saí da primeira cena! Mas tudo bem, porque essa cena é praticamente todo um episódio - talvez toda uma série - contida em si, a análise do resto não vai ser tão esforçada, prometo.

Existem três histórias sendo contadas em "The Incident." A primeira, a mais importante e chocante, é sobre Esaú e Jacó. A história de Esaú fica subentendida, cabe ao telespectador revisitar cada aparição, cada fantasma, cada manipulação dos últimos 5 anos e descobrir o que era picuinha Ben/Charles e o que era parte do esquema mirabolante de Esaú para escapar de sua prisão de cinzas (tô chutando aqui, ok, pode não ser isso mas eu tenho muita fé que era ele preso na cabana, ele que pediu socorro ao Locke, ele que encarnou o Walt fantasma e levou o careca a sacrificar seu corpo para tomar seu lugar). Mas aí temos Jacob, fazendo sua lista. Jacob escolhendo, a dedo, quem seriam seus salvadores, sua apólice de seguros. As pessoas que iriam ao passado reverter toda a zica e impedir que seu irmão desse cabo de sua vida. Há quanto tempo eles jogam essa partida de xadrez com os mortais? Se tem algo que eu acredito que será o tema central da sexta temporada, é esse embate eterno, quais são suas regras, como Esaú as burlou, e como Jacob escapou de rodar. E, principalmente, o que ele vai fazer sobre o assunto.

Aliás, no fim das contas Christian não era mesmo Jacob. Christian, como todos os outros cadáveres da ilha, era Esaú fazendo seu mindfuck cuidadosamente calculado, em todos os others, losties E telespectadores. Isso é o quão bom foi a reviravolta guardada por Darlton para esse finale - horas depois, tendo dormido e acordado sobre o assunto, ainda ficam surgindo estalos na minha cabeça conforme o quadro geral vai sendo montado.

A segunda história, o desfecho do plano de Esaú, é assustadora simplesmente porque, pela primeira vez na vida, eu tive MUITA PENA de Benjamin Linus. Ele pode ser o maior e melhor manipulador filho da puta desse mundo, mas ali, sob a sombra da estátua, ele está sendo um joguete patético de duas entidades muito, muito superiores a ele. Ele é uma ferramenta. E o ódio dele, ao final, é mais do que justificado. Claro, ele poderia ter parado 5 minutos para avaliar a loucura de tudo aquilo, mas ele já estava quebrado. A "ressurreição" de Locke, a Alex, as feridas cruelmente reabertas... Benjamin Linus é apenas humano. E, como um bom humano, ele seguiu o destino traçado para ele, mesmo sem saber as intenções de quem o traçou. Ben é a verdadeira vítima de Lost.

Já a terceira história, de como a função do retorno dos O6 era, na verdade, para salvar a vida de Jacob, foi a que menos me convneceu. Não que eu não ache maravilhosa a forma como ele foi tocando cada um (mais o Sawyer), em diferentes partes da vida, para que tudo convergisse naquele momento crucial. O que eu não engoli mesmo foi como Jack Shepherd, cirurgião juramentado, com uma tendência irreversível de querer proteger e consertar tudo e todos, resolve explodir um dispositivo termonuclear de um impulso porque... tá com dor de corno?! Agora, subitamente, a falta que ele sente da Kate justifica um possível genocídio porque um físico maluco disse que TALVEZ isso apague o que eles viveram juntos (ou senão, pelo menos morre todo mundo e acaba a cornitude)? É como "Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças," com tiros e explosões nucleares. E sem a sensibilidade - ou o sentido - do filme, claro. Pra piorar, eis que logo a Juliet resolve reforçar essa idéia porque teve uma crise de baixa auto-estima ao ver Sawyer e Kate brincando de dupla dinâmica. Jules, pelamor! Meus pais também são separados e eu nunca quis matar / apagar a existência de ninguém porque a relação não deu certo, vai? Menos, bem menos!

Mas enfim. Reconheço que o quadrângulo amoroso pode ter sido também alimentado pelas manipulações de Jacob para garantir que todos estivessem na merda e sem nada a perder quando chegasse a hora de transformar o plano maluco em realidade. E o quão esquisito é o fato de a única voz da razão em tudo isso ser... Sawyer?!

No fim das contas, muito do que eu estou conjecturando aqui é somente isso, uma conjectura. Os produtores e roteiristas quiseram deliberadamente nos deixar por um ano sem a MENOR idéia do que vai acontecer. Mas eles deram pistas. A melhor, pra mim, é a dada nos créditos iniciais, em que a autoria do roteiro é dada separadamente para a primeira e segunda partes, sendo a parte 1 escrita por "Damon Lindelof e Carlton Cuse" e a parte 2 por "Carlton Cuse e Damon Lindelof." Piada sem sentido, ou uma indicação de que as coisas agora estão no reverso, e que tudo será efetivamente desfeito? Fico com a segunda opção, até porque Darlton já tinham avisado que a sexta temporada "destruiria tudo que a quinta construiu." Mas ainda tem 16 episódios pela frente, e caso o plano de Jacob tenha dado certo e seu assassinato tenha sido apagado, o que restaria para contar? Um ou dois episódios de recapitulações, flashbacks e explicações minuciosas pros telespectadores mais "lentos" dariam conta do recado.

Eu tenho um palpite - um chute, mesmo - de que Desmond, que esteve tão sumido nessa temporada, será uma peça chave da sexta temporada. Talvez ele seja a única pessoa que se lembra do que aconteceu nessa linha de tempo, e vá ser ele o responsável por caçar os Losties e contá-los dessa vida alternativa que eles levaram. Agora, por que ele faria isso, eu não sei. Confesso que estou no escuro quanto ao gancho motivador da última temporada. Talvez Jacob queira virar o jogo e se livrar de Esaú para sempre? Ou talvez ainda falte alguma coisa para que o destino daquela ilha, como ele divisou, seja cumprido. Não sei mesmo. Estou tão no escuro quanto cada um de vocês. E sempre tem a possibilidade de nos sacanearem, a bomba ter explodido e não alterado nada, todo mundo que morreu ter morrido mesmo, e agora Esaú ter uma agenda maligna a cumprir sem a sombra do irmão mais novo. Eu pessoalmente acho essa opção muito pós-apocalíptica, mas se for assim, beleza também. Estou disposto a aceitar o que os produtores quiserem me oferecer. Confio neles, outra vez. Quem fez o que eles fizeram nesse episódio, certamente tem bala na agulha para finalizar a saga.

Mas continuo secretamente torcendo para que a primeira cena da sexta temporada seja o olho de Juliet, pelada no meio do mato. Ei, aconteceu com o Desmond da última vez que deu um clarão na Cisne. É apenas justo =P


FIM! Arre. Quase uma tese de mestrado. Pelo menos vou ter 1 ano inteiro pra recarregar as baterias =P

sexta-feira, 10 de abril de 2009

5x12 "Dead is Dead"

E finalmente, depois de dois episódios dormíveis, a quinta temporada de Lost volta a engrenar. "Dead is Dead" pode não ter sido um episódio para marcar as gerações futuras, mas foi um excelente episódio. Excelente e, o que é melhor, eficiente! A minha sensação de que a temporada estava estolando depois do retorno dos O6, com aquele blablabla de cada um descobrindo por que voltou, foi instantaneamente desfeita e substituída por empolgação pela reta final da temporada. E o melhor de tudo foi ver que, mesmo com tantas coisas para enfiar em um episódio, os roteiristas Brian K. Vaughan e Elizabeth Sarnoff conseguiram imprimir um ritmo natural para as cenas, sem atropelar tudo em 5 minutos de projeção como muitas vezes acontece.

No começo do episódio, ainda desanimado pelos dois que o precederam, eu nem estava me empolgando muito. Claro, teve a volta das perucas ridículas (um marco da primeira temporada), teve aquele Widmore quarentão (cujo ator é TÃO parecido com o Alan Dale que quando ele revelou quem era pareceu até que estava repetindo o óbvio. Onde eles encontram esses sósias, minha gente?), e teve mais uma chance de ver a Rousseau delicinha de 16 anos atrás. Mas o 5x12 ainda não tinha prendido minha atenção até o momento em que descrevo abaixo:

(Eu): ¬_¬
(Ben): - Você está procurando isso? *blam*
(Eu): O_____O

Daí pra frente, foi tensão e suspense o resto do tempo de exibição. E foi glorioso ver o Ben pego completamente de surpresa pelo retorno do John, e o John fazendo ele comer o pão que o diabo amassou, de propósito. Aliás, esse episódio me deixou com a pulga atrás da orelha: o Locke ressuscitou mesmo, ou estamos vendo alguma outra manifestação da ilha, que pensa ser John Locke mas na verdade é... outra coisa? (ou talvez seja porque eu recentemente vi Battlestar Galactica inteiro e, bem, quem viu sabe)

Muitos momentos bons pra se destacar no episódio. Aquela tensão horrorosa e maravilhosa da cena de Ben no cais (e se eu fosse o Desmond só comprava comida enlatada pelo resto da vida depois dessa, hein?), a revelação de que a Ilana não é apenas uma caçadora de recompensas gostosa, é também aparentemente uma cultista gostosa ou coisa parecida (gostosa), e que talvez represente mais um grupo de interessados na ilha - além de Widmore, Ben, e da iniciativa Dharma, se é que sobrou alguém dela pra contar história.

Aliás, uma coisa que foi mostrada de forma bastante sutil, foi que Widmore não é o chefão da Dharma afinal. Ele ainda estava na ilha, vivendo no mato e sendo líder dos Others em 1988, ano em que Ben raptou a Alex dos braços da mãe. Isso reabre espaço na série para explorarem a história do casal DeGroot e a família Hanso, cujo ancestral Magnus era comandante do Black Rock inclusive. Sei que em momento algum foi dito que a Fundação Hanso era só um braço das indústrias Widmore, mas com certeza tinham tentado dar essa impressão no passado.

E mesmo sem ter explicado qualquer coisa sobre o Fumacinha ("explicado" em termos Hurley-Miles, se é que vocês me entendem), o episódio não deixa dúvidas de que as aparições de pessoas mortas são responsabilidade única e exclusiva dele. E também recupera o papel que ele desempenhava nas primeiras temporadas, de julgar quem deve viver e quem deve morrer. Francamente, eu estou muito satisfeito em ter visto o lar da fera e espero que os produtores não incorram no erro de tentar explicar detalhada e cientificamente a composição de uma criatura que, além de se manifestar como uma nuvem preta que emite eletricidade, faz som de aparato mecânico, lê (e projeta!) memórias das pessoas, e pra completar está na área desde a antiguidade, como mostra o desenho de Anúbis batendo um lero com ele na parede do templo subterrâneo.

Aliás, um parêntese deve ser feito aqui para registrar a genialidade do Stephen Williams (eu escrevi isso mesmo? putz) ao filmar a cena em que a Alexzilla dá uma descompostura no Ben. Ele conseguiu, só com a iluminação da cena, fazer com que a linda Tania Raymonde virasse O CÃO CHUPANDO MANGA DO AVESSO. Sério, MUITO MEDO dela naquela cena, pqp! Sou obrigado a tirar meu chapéu.

Enfim. Estou novamente empolgado. Estou satisfeitíssimo em ver Ben sendo colocado em seu lugar, e estou muito, muito curioso para saber por que tanto o monstro quanto o Jacob acham Locke tão importante para o futuro. E esperando para ver se Benjamin vai aceitar virar um mero apóstolo. Minha aposta? Nem fudendo =P

sexta-feira, 3 de abril de 2009

5x11 "Whatever Happened, Happened"

*Yawn*

Não sei o que houve com Lost, mas nas duas últimas semanas eu realmente estou me segurando para não dormir nos episódios. Semana passada eu nem me dignei a comentar o episódio - chato, chato, chato, clichè até o fim da vida, com um final pseudo-bombástico desses que a gente tem certeza que vão ser desfeitos no primeiro minuto do episódio seguinte. Coisa que sempre detesto quando colocam na série. Pelo menos foram poucas.

"Whatever Happened, Happened" é, acima de tudo, um episódio previsível. Ele continua o processo iniciado no episódio anterior de mostrar o que aconteceu com cada um dos O-6 entre o momento da separação nas docas e o momento de embarcar no avião da Ajira, e, tal qual em "He's Our You," as cenas que completam os vácuos de "316" deixam a desejar. Sayid caindo num truque mais velho que andar pra frente e sendo preso por uma caçadora de recompensas que representa um dos sujeitos que ele matou - que trabalhava pra Widmore - mas ao mesmo tempo não tem nada a ver com Widmore ou Ben? Fraco. Kate entregando Aaron para a avó e fazendo uma promessa de que vai trazer Claire de volta? Ok, mas não explica por que ela foi dar pro Jack logo em seguida.

Aliás, vemos que apesar de ter sido a primeira a endossar o plano de Jack de mentir para o mundo, a fofoqueira da Kate não aguentou meio mês e já tinha contado a história toda - 4 temporadas mais os extras do DVD - pra doce e super confiável Cassidy. E de lambuja, desenrolou pra mãe da Claire também antes de voltar. Assim é fácil viver com a culpa, né? Hurley te despreza, Kate.

E por falar em Hurley... ok, não é de hoje que os produtores inserem as FAQ dos foruns online de Lost em alguma cena da série, mas o diálogo entre Miles e Hurley foi TÃO dolorosamente retirado ipsi literis da internet que eu tive uma crise intensa de vergonha alheia. Os Darlton colocam uma trama rocambolesca de deslocamentos temporais na série e agora peidam na farofa e resolvem superexpôr a questão num verdadeiro "Lost para Dummies" dentro da série? Lost Untangled não tá dando mais conta? Foi mal, mas pra esse tipo de intercâmbio cansativo eu já tenho o tópico de Análises. Viagem no Tempo é um assunto que aliena uma boa parte da fanbase, sim, sejam machos e vivam com as consequências. Afinal, ninguém forçou os caras a entrarem nesse mérito.

E o que dizer do Jack? Ele sempre foi CDF e sempre, sempre escolheu a hora errada pra ligar o foda-se. Mas isso já tá ficando chato. Quando ele passa 120% do tempo tentando cuidar da vida de todos ao redor, é um babaca. Quando ele REALMENTE precisa cuidar de alguém, INEXORAVELMENTE ele tira o dia pra pensar em si mesmo antes de mais nada. É tipo a sina do cara, ou os roteiristas tão precisando muito alavancar o Sawyer? Porque tava óbvio que ao se recusar a salvar o pequeno Ben, Jack estava selando o destino de malvadão dele, e que se ele tivesse sido um MÉDICO COMO QUALQUER OUTRO QUE SEGUE A PORRA DO JURAMENTO DE HIPÓCRATES, nada do que aconteceu teria acontecido (mas aí acho que o título do episódio ficaria inútil, né?)

E enquanto estou no embalo, não gostei da explicação "algo aconteceu no templo e apagou a memória de Ben." Preferia achar que ele conhecia os Losties desde o princípio e sempre escondeu isso por trás da cara de maníaco. Já tava até emocionado achando que a fixação dele pela Juliet se devia ao fato da mesma ter salvo sua vida na mesa de operações... mas não, bora lá botar mais um mistério retirado do além pra justificar a perda de memória dele.

Mas só pra não dizer que não falei de LaFleur (viram o que eu fiz aqui?), fiquei muito feliz com o resultado da primeira cena a sós entre Kate e Sawyer depois do retorno dela. Apesar do cliffhanger de "LaFleur" ter aberto a possibilidade dele estar revivendo a paixonite de 3 anos antes, nesse episódio fica bem claro que ele ama a Juliet muito mais do que amou a Kate, e que - como ele bem coloca - ele amadureceu muito no tempo em que eles estiveram longe. Ao contrário dela, que aparentemente só desenvolveu um instinto materno grande o suficiente para englobar o universo, mas ainda assim pequeno demais pra que ela não perca o filho no supermercado poucas horas depois de um maníaco manipulador e cheio de recursos como Ben Linus ter declarado que todos têm que voltar para a ilha. Kate == Motherhood Fail.

E não vou nem comentar o que é a Liz Mitchell na cena em que ela vai dar um sermão no Jack no banheiro. Aquela mulher me dá cócegas em lugares secretos. Se ela adentrasse meu banheiro de sopetão e vestida daquele jeito, só saía 3 dias depois =P

Por fim, dois comentários. Um: é impressão minha, ou Richard Alpert está super bonzinho e amico da galerë nessa temporada? Aquele papo RBD de não reconhecer a autoridade de Ellie (Hawking) e Charles (Widmore), e a gentileza dele ao perguntar se os Dharma querem mesmo que ele leve o moleque, em nada me lembram o Richard frio e calculista das outras temporadas. E dois: os 30 segundos de cena do Terry O'Quinn >>>>>>>>>> o resto do episódio INTEIRO!! Já deu daqueles cabeludos bizarros da Dharma, eu quero mais John Locke!!

Aguardando episódios melhores =P

sexta-feira, 20 de março de 2009

5x09 "Namaste"

Na semana retrasada, terminei meu comentário sobre o 5x08 "LaFleur" dizendo que estava curioso para ver como Sawyer reagiria ao retorno de Jack, e posso dizer que estou deveras satisfeito com a resposta. A dinâmica de "Namaste" me lembrou bastante a estrutura de um episódio de 24 Horas (pelo menos da época em que eu assistia), visto que é um episódio centrado em resolver o gancho deixado pelo anterior. Mas a tensão de ver Jim LaFleur tendo que tomar milhares de decisões instantâneas e estar sempre a meio segundo de botar tudo a perder esconde a sutil disputa que está havendo ali.

Confesso que cheguei a sentir uma certa pena do Jack. Depois de tanto tempo se fudendo no mundo exterior, estar de volta à ilha era tudo o que ele queria. Era a chance de estufar novamente o peito, paternalizar todos ao seu redor e liderar seus iguais para cima e para baixo. E Sawyer, que não é burro, percebe isso logo de cara (quando Jack pega seu plano e bota em "votação," falhando em reconhecer que ele era o xerife agora e que suas ordens não eram sugestões) e dá um cock block violento no doutor. Não só a picuinha de colocá-lo como zelador, mas a questão de fazer Juliet abrir a porta (alguém acredita que não foi de propósito?) e finalmente a resposta mais do que direta ao primeiro sinal de reclamação. É seguro dizer que o Sawyer esmagou preventivamente qualquer tentativa de projeção do Jack, mesmo que inconsciente, antes que o mesmo percebesse que a vida dos que ficaram na ilha foi boa até agora, e que nenhum deles está com muita pressa de sair dali. Sawyer até suspira quando Hurley o lembra que, eventualmente, todos ali serão mortos.

Além disso, esse episódio me tirou a sensação desagradável que "LaFleur" tinha deixado, de que a iniciativa Dharma era composta de 3 gatos pingados. Não sei se foi a falta de figurantes ou o clima intimista e cheio de closes do episódio anterior, mas eu tinha achado tudo vazio demais em comparação com os flashbacks de Ben na terceira temporada. Mas "Namaste" fez um bom trabalho em demonstrar o tamanho e a extensão das operações Dharma na ilha, inclusive botando Jack e o Dr. Pierre Chang cara a cara pessoalmente, além de nos apresentar finalmente a futura-mancha-no-teto Radzinsky (que descobrimos ser o arquiteto da já saudosa estação Cisne) e de responder o que todos estavam se perguntando: quem é o bebê que Juliet botou no mundo? Ethan Rom!

E outra coisa importante de "Namaste" foi termos definido oficialmente o paradeiro de cada um dos passageiros do Ajira 316. Jack, Kate, Hurley e Sayid foram para 1977 enquanto Lapidus, Sun, Ben e Locke ficaram no presente - embora o clarão que levou os outros quatro tenha também deslocado o vôo no tempo, pelo menos de noite para dia. Mas a julgar pela legenda "30 anos antes," acredito ter sido um salto menor, de 2008 para algum ponto de 2007. E que cena BIZARRA aquela do Christian Shepherd na vila destruída! Ele teve manifestações macabras antes, mas essa bateu todos os recordes. E o que dizer do fato de Locke, Sawyer, Hugo e Claire terem passado tanto tempo naquela vila, antes do Keamy mandá-la pelos ares, e nunca terem percebido a foto dos novatos de 77 na parede do barracão de jogos? Mais uma situação Jin-Rousseau para ser discutida por semanas a fio? Eu, pra variar, acredito que eles simplesmente não notaram. Até que me mostrem uma cena da Danielle se reapresentando para o Jin em 2004 ou uma cena de um dos losties olhando as fotos na parede e não reconhecendo ninguém familiar, fica o dito pelo não dito. E mesmo o dito, em Lost, pode sempre ser um deslize - vejam por exemplo a idade da Charlotte, que os produtores admitiram terem errado no podcast oficial dessa semana.

Agora, o que vai ser mais difícil de explicar, vai ser o fato do Ben já ter conhecido o Sayid quando jovem. Afinal, esses sim tiveram interação (intensa) durante as temporadas passadas, e em nenhum momento Ben mencionou qualquer coisa sobre já ter conhecido um iraquiano chamado Sayid. Entretanto, não esqueçamos que ele é Benjamin Linus. Pode perfeitamente ter reconhecido o Sayid desde sempre e nunca ter falado nem demonstrado nada. Ben não desperdiça meia informação sem que haja um proposito tácito a ser alcançado por revelá-la.

Resumo da ópera: excelente episódio, numa excelente temporada. Semana que vem tem mais!

sexta-feira, 6 de março de 2009

5x08 "LaFleur"

Antes de mais nada: WOOOOO, REIKO AYLESWORTH PEGAEL!1!11

Ok, agora que já tirei isso do sistema =D Eu realmente gosto desses episódios de Lost que têm um enredo basicamente shipper, mas onde os produtores ficam preenchendo cada cantinho de rolo de filme com mitologia, pistas, e várias outras migalhas de pão para os fanáticos seguirem. LaFleur é um episódio para se ver mais de uma vez, possivelmente com a Lostpedia aberta do lado para eventuais consultas. E além disso, é também um episódio dos bons.

Claro que eu não tenho a memória que muita gente tem então nem vou me arriscar a ficar apontando os detalhes sob o risco de falar alguma bobagem. Prefiro apenas ressaltar as boas tiradas do episódio, a melhor tendo sido pra mim o Daniel - ainda desolado pela morte da amada - ter dito que tanto faz os losties tentarem interferir no passado, porque o que aconteceu aconteceu. Mais uma prova contundente de que não existe livre-arbítrio em Lost e que tudo que está para acontecer segue um rumo premeditado desde basicamente sempre. E o agradecimento do Sawyer me arrancou uma gargalhada ("valeu, Platão!")

Aliás, falando em Sawyer, que volta por cima ele deu hein minha gente? Parece que ter encontrado e matado o Anthony Cooper de fato exorcizou aquele tigre que não mudava de listras da vida dele. Chega a ser engraçado vê-lo utilizando as habilidades de golpista dele para o bem dos outros antes do dele próprio. E que cena fantástica ele sendo um "other" pro Richard Alpert e deixando o cara da maquiagem com a mesma cara de WTF que os próprios Losties tanto ostentaram diante das coisas inexplicáveis daquela ilha. O jogo definitivamente virou.

E eu já mencionei a Reiko Aylesworth? X-DDDDDD

Desculpem, divaguei. Mas enfim, não tem muito mais o que ser dito exceto pelos duzentos bilhões de "VOCÊ NOTOU QUE..." espalhados pelo episódio. E os fãs da estátua de quatro dedos devem ter lavado a alma =P Pena que agora só tem mais Lost dia 18

E outro parêntese aqui, a Liz Mitchell de banho tomado e carinha de apaixonada é o passatempo da minha viagem e a alegria da minha criança. Só não babei mais nela esse episódio porque, bem, vocês sabem, REIKO AYLESWORTH PORRA!!!! casa comigo. (ponto (.))

Ah, e antes que eu me esqueça, bela malandragem dos produtores pra emparelhar a idade da galera hein? =P muita coincidência terem se passado logo 3 anos desde que a turma do Sawyer chegou na década de 70 até o exato ponto em que os Oceanic Three vão pro passado ;)

Um adendo agora que eu meditei um pouco sobre o episódio: acho muito curioso que o Sawyer, no fim das contas, seja tudo que tanto o Jack quanto o Locke não conseguiram ser. Se levarmos em conta que as quatro primeiras temporadas aconteceram num período de pouco menos de 3 meses, e que o período de Sawyer como manda-chuva da ilha foi de 3 anos, não é difícil perceber como ele teve sucesso - incidental? - aonde os outros candidatos a macho alpha fracassaram miseravelmente. Locke é o líder apontado por Jacob mas liderou por uns poucos minutos. Jack é o líder apontado por sua própria necessidade de guiar a todos, mas terminou bêbado, isolado e sem credibilidade com ninguém.

Não posso deixar de pensar que a grande vantagem de Sawyer sobre os outros dois é o fato dele entender que demonstrar fragilidade é uma arma fundamental para construir confiança. Enquanto, quando confrontados com momentos de fraqueza, Jack entra em surto psicótico controlador e Locke vai vagar pela floresta e gritar para o vazio, Sawyer tem a sutileza de deixar transparecer "sem querer" seus medos. Ele faz com que as pessoas ao redor se sintam úteis, próximas, e não como crianças no maternal guiados por uma babá. Foi assim que ele conquistou Kate, foi assim que ele conquistou Jin, Hurley, o próprio Jack, e foi assim que ele deixou Juliet na palma de sua mão na cena do píer. Em termos de carisma, James "LaFleur" Sawyer é muito mais líder do que qualquer outro candidato, e seu tempo de "reinado" na ilha (dando conselhos ao Horace e impondo medo no Alpert) é reflexo direto desse fator.

Resta saber como ele vai reagir agora que Jack voltou do além. Estou curioso para descobrir =)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

5x07 "The Life and Death of Jeremy Bentham"

Quem lembra do meu comentário de "This Place Is Death" sabe que a parte que mais me emocionou do episódio foi a cena final de John Locke e Christian Shepherd nas imediações da roda-de-burro. A atuação do Terry nessa cena foi uma das melhores dele em muito tempo de série, e eu acredito - conhecendo o ator através das entrevistas que ele dá - que isso se deva em grande parte ao retorno do propósito à vida de John, que desde a primeira temporada andava muito confuso, e isso interferia na capacidade do Terry de entrar na personagem. Toda a carga emocional que ele colocou na cena me deixou salivando à espera do inevitável episódio Locke-cêntrico que estava por vir.

Mas mesmo já fazendo idéia do que me aguardava, eu nunca, jamais conseguiria ter me preparado para "The Life and Death of Jeremy Bentham." Escrevo esse comentário meio anestesiado ainda, portanto não liguem se eu começar a divagar um pouco.

O episódio tem algumas cenas de impacto, das quais 90% me foram roubadas pela promo ou por conhecidos sem-noção que botam citação do episódio em status de MSN (peguem fogo por dentro e morram lentamente), mas elas nem chegam a fazer tanta diferença. O sétimo episódio da quinta temporada vem para lembrar aos fãs que Lost não foi construído apenas em mistérios e cenas "ZOMG COMOASSIM"; que por trás do sucesso da série, estão momentos de atuação impecável e atores fenomenais que botam o D em Drama (que, afinal, é o gênero oficial da série). Claro, tivemos o momento "Wow, o vôo 316 caiu na ilha mesmo depois dos O6 serem levados pelo clarão!," o momento "putz, o Locke está vivo outra vez!" e o momento "cacete, Ben não foi com os Oceanic Six para o passado!!" Fora vislumbres da nova estação Dharma [edit: era a Hydra, como sou burro! =P], uma breve introdução dos novos personagens fixos (ei, caiu um segundo avião no fim das contas! yay para quem tinha essa teoria nos idos de 2005!) e até uma dica de que o Lapidus sobreviveu - após fazer um trabalho muito melhor do que o do colega Seth Norris e pousar avião em um pedaço só - mas saiu vazado com uma mulher desconhecida (Sun?) antes do Locke aparecer andando sobre as águas e gritar BRINKS, TÔ VIVÃO!!!1!

Mas mesmo se o episódio tivesse cortado por completo seu início e seu final no presente da ilha, ainda seria tudo o que foi. Agora dá pra entender por que Cuse e Lindelof fizeram aquele trabalho nas coxas ao escrever o roteiro do episódio anterior: eles queriam chegar logo na melhor parte. E quão melhor ela foi! Tiro meu chapéu para esses dois e para o sempre excelente Jack Bender, que por mim podia agregar o cachê dos diretores convidados e dirigir todos os episódios que restam da série. Ele é tão bom que eu me peguei imaginando se as cenas na áfrica tinham sido filmadas em locação (imagino que não), porque ao contrário de uns outros diretores da série, ele faz de tudo para esconder os chroma e as CGI vagabundas que a ABC financia com ângulos naturais de câmera. Além disso, ele deu o episódio inteiro de presente pro Tery O'Quinn, colocando os olhos de Locke quase que permanentemente em primeiro plano, contando para nós tudo que o roteiro apenas sugere.

O episódio é, realmente, uma escalada de duelos de atuação. Já começa bem, nos presenteando com o primeiro e antológico confronto cara a cara entre Locke e Widmore desde que o primeiro ainda era um moleque arrogante de 17 anos. Teria quase sido o melhor confronto do episódio, mas claro que isso seria contra a lógica de uma obra cinematográfica, então a cena, embora muito boa, conquistou apenas a terceira colocação no meu ranking pessoal. Mas vale ressaltar a naturalidade como o Alan Dale leva o texto meio afobado (driblou magistralmente a tentação de supervalorizar aquela fala do "pra mim eles são apenas meu povo") e a forma como o Terry deixa a animosidade inicial do Locke cair, lentamente, centímetro a centímetro, até estar disposto a acolher o que Widmore lhe diz.

E então temos Matthew Abbadon, que tem o papel de provocar Locke como uma hárpia maligna ao longo de todo o caminho, conduzindo-o em mais formas do que uma. Os vários pequenos confrontos entre ambos eclode no ponto em que ele joga na cara de Locke que ele é um agente manipulador, e que o alcance da influência de Widmore se deve em grande parte a ele. Mas talvez pela diluição desse duelo entre várias outras cenas, reservei apenas um quarto lugar para esse dueto no meu ranking qualificatório. Mas pulei de susto e ansiedade quando Abbadon encontra seu fim violento no meio de uma cena introspectiva e taciturna que, num estalo, vira um banho de sangue.

Vários outros encontros ocorreram ao longo do episódio e eu obviamente não qualifiquei todos. A bem da verdade, os encontros de Locke com cada um dos quatro O-Six que ele visita foram apenas medianos. Matthew Fox teve uma chance de ouro de repetir sua atuação do season finale da terceira temporada - a única atuação realmente memorável dele na série - mas desperdiça apelando para os tiques nervosos usuais dele. Ou talvez ele só tenha brilhado naquele episódio porque não estava contracenando com o Terry nem com o Michael Emmerson, vai saber.

Mas uma cena inesperadamente tocante, que me deixou com um nó na garganta e a vista meio marejada, foi o reencontro de Locke e Walt. E nem acho que isso se deva especialmente ao Malcolm David Kelley, mas sim porque a cena resgata uma dinâmica diretamente das profundezas do início da primeira temporada, e eu fui pego de surpresa. Walt foi a primeira amizade de Locke naquela ilha, e a mais imaculada. Dá para ver claramente o respeito que um nutre pelo outro. E a atitude de Locke de deixar o garoto de fora mesmo que isso pusesse em risco os planos de Jacob é realmente emocionante. Minha cena número dois de todo o episódio.

Mas tudo isso que eu escrevi acima, sem exceção, poderia também facilmente ter ficado de fora sem prejuízo da qualidade final. Porque minha cena favorita, tão boa que chega a ser óbvia, essa valeu pelo episódio inteiro, mais o anterior, e ainda deu uns cinco episódios de crédito. A vida de Jeremy Bentham foi memorável, mas nada, nada se compara à sua morte.

Do momento em que Locke começa a escrever sua carta de suicídio, eu me arrepiei e a respiração pesou. Aquele final do 5x05 foi uma amostra grátis perto do que o Terry faz com aqueles longos minutos de silêncio em que Jeremy Bentham se prepara para dar cabo da própria vida. Acho que até a vizinhança fez silêncio (e aqui isso é basicamente impossível) e prendeu a respiração, olhos grudados na tela. Cada suspiro dele era reproduzido por mim no sofá, cada lágrima que brotava dos olhos dele furtivamente se anunciava nos meus também. E quando todo o universo está por aquele centímetro que separa os pés de Locke do vazio, eis que valsa porta adentro o diabo em pessoa.

Eu não consigo quantificar o quão monstruoso é o duelo de atuações entre Michael Emmerson e Terry O'Quinn. Cada frase, cada mudança de tom na voz deles, eu sentia a terra tremer. A dupla de atores com a melhor química em cena da série simplesmente estabeleceu um dos pilares de toda essa massiva obra do entretenimento que é Lost, diante dos meus olhos. Daqui a vinte anos, quando alguém estiver lembrando daquela série louca sobre uns sobreviventes de um acidente de avião perdidos numa ilha maluca que marcou os anos 00, essa provavelmente vai ser a segunda cena a ser lembrada, a primeira sendo é claro a abertura do episódio piloto. Sério, podem dar risada e dizer que eu estou afetado, mas eu não me contenho. Benjamin Linus é o mal encarnado, e eu nem precisei chegar até o momento em que ele assassina friamente o Locke - o momento em que os Darlton escancaram para o mundo de que lado ele realmente está - pra entender isso. No momento em que ele diz a John que ele é especial - eu soquei a palma da minha mão, falei quase gritando para a minha irmã: "Ele é o único. O único filho da puta sem alma que não diz ao John que ele é um velho patético e sem propósito! O único que sustenta que ele é especial, e para ele isso é só uma mentira, é um golpe baixo e fatal. Ele é muito cruel, puta que o pariu!"

E eu já não consegui mais segurar a lágrima desgraçada quando ele se ajoelha diante do John e estende a mão. Gente, não me importa o que fulaninho ou cicraninha de uma academia de artes considera "arte" ou "pop." eu nunca fui tão abalado por uma cena de série de TV desde a morte do Ryan Chapelle na terceira temporada de 24 Horas, e olha que isso é dizer muito! Ainda mais porque, caralho, ele decide matar o John de improviso! Dá pra ver claramente as engrenagens do inferno se movendo atrás dos olhos de Benjamin quando ele descobre que Jin está vivo, e a informação sobre Ellie Hawking é apenas o derradeiro prego no caixão de Jeremy Bentham. Benjamin Linus não puxa todas as cordas porque ele não precisa disso. Ele avalia a situação como o melhor jogador de xadrez do mundo e age no piscar de um olho. Carlton e Damon deveriam instituir que ninguém mais, nunca mais, pode escrever uma cena com o Ben sem antes passar pelo crivo pessoal deles dois. Mesmo que seja uma aparição de 5 segundos em segundo plano.

E é isso. Fim do meu maior comentário sobre Lost até o momento, mas enfim, ninguém é obrigado a ler e muito menos eu tenho obrigações com espaço ou diagramação. Daqui a uns anos eu vou provavelmente reunir todos os comentários que já fiz sobre a série e esse provavelmente ainda será o mais extenso. Porque o episódio merece.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

5x06 "316"

-q

Foi essa a sensação que eu tive assistindo ao sexto episódio da temporada, "316". Escrito pelos produtores, esse episódio é basicamente o que estabelece o fim da introdução e início do primeiro ato da temporada. Um episódio-chave escrito pelo livro. E com um primeiro bloco espetacular, diga-se de passagem! A reprodução da cena inicial da série, emendada com a explicação ultra-didática da Sra. Hawking sobre como aquela estação Dharma perdida em Los Angeles foi usada para encontrar a ilha pela primeira vez, e que aquele lugar possui a mesma singularidade magnética que a própria ilha. O desafio do Desmond a ela, o Ben e seu comportamento bizarro... tudo excelente mesmo. Aí do nada o episódio vira uma colagem de recortes que não fazem um menor sentido, incluindo a introdução de um avô do Jack que nunca foi sequer mencionado com a única finalidade de dar os sapatos do filho para o neto (deus ex machina de doer nos olhos), a Kate subitamente indo pra casa do Jack dar pra ele e aceitar voltar pra ilha, oitenta mil cenas não explicadas, um argumento levemente forçado de que eles precisam recriar o vôo 815 original e que leva cada um a aparecer fazendo cosplay do outro no aeroporto, uma aparição rápida e com uma interpretação MEDONHA do Lapidus... e bum, fim de história, estão todos na ilha. Mas esperem! Dessa vez sem queda de avião, e na era de ouro da Iniciativa Dharma!!

Eu não sou bobo e sei muito bem que esse episódio foi basicamente para plantar a semente de diversos futuros flashbacks dos O6 explicando o que aconteceu nas 46 horas entre o início e o fim do episódio, emendando as cenas aparentemente sem sentido... mas really, precisava disso? Eu tava gostando da dinâmica da série sem os flashbacks e flashforwards, me pareceu um contrasenso reintroduzir essa narrativa que já deu o que tinha que dar em 4 anos de seriado.

Francamente, não que tenha sido um episódio ruim, mas é meio vergonhoso quando os produtores preparam pessoalmente o roteiro de um episódio que é para ser icônico na série, e os episódios anteriores dirigidos e escritos pela equipe secundária parecem todos muito melhores. Parece que se preocuparam mais em se autoreferenciar do que em criar ritmo nas cenas e fazer um roteiro que soasse menos como uma lista de assuntos a serem abordados sendo lida em voz alta. E claro que ter sido um episódio basicamente Jack-cêntrico contribui fortemente para a sensação de "ai meu saco," especialmente sabendo que o próximo é centrado no Locke - e que provavelmente vai ser bem mais interessante.

As melhores coisas do episódio foram sem dúvida a Lamppost Station com seu mapa e seu pêndulo que me causaram uma sensação muito parecida com aquele mapa fluorescente na parede da Swan, e o sorriso do Ben sacaneando o Jack no avião. Mas enquanto "316" talvez tivesse sido um episódio excelente se estivesse encrustado no meio, digamos, da terceira temporada, nesse quinto ano ele deixou um pouco a desejar.

Mas enfim, semana que vem tem a vida e morte de Jeremy Benthan, esse com certeza vai ser glorioso =)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

5x05 "This Place Is Death"

Fazia tempo que eu não tinha arrepios assistindo um episódio de série de tv. Mas foi isso que "This Place Is Death" me causou. E isso se deve ao roteiro da (cada vez melhor) entidade Kitsis-Horowitz, que acerta na mosca o tom das cenas. Até a direção do Paul Edwards funcionou dessa vez - não é sempre que ele faz coisas boas em Lost. O estilo dele, mais puxado pro cartunesco, funciona bem melhor em Heroes, aonde ele dirigiu os excelentes "Kindred" e "Five Years Gone" aliás. Porém, tenho que admitir que há muito tempo uma cena com o Fumacê não me deixava tão apreensivo, e o mérito é todo do cara.

O episódio já começou me deixando feliz, ao ver a debandada da tchurminha do pier, que espantou meus medos de que os O6 fossem todos voltar pra ilha de mãos dadas e saltitando já no sétimo ou oitavo episódio da temporada. Também me causou extrema satisfação ver a Kate mandando o Jack tomar no toba, ele é muito idiota se achava que ia aparecer com o Ben a tiracolo e ela ia aceitar numa boa a idéia de voltar. Mesma coisa o Sayid deixando o quarteto fantástico e avisando que vai receber na bala quem tentar ir atrás dele. Já o Ben prova que não é qualquer femme fatale de jardim-de-infância que vai derrotá-lo em seu próprio jogo e dá uma volta tão fácil na Sun que chega a dar pena. Ah, e ainda vislumbramos o início do futuro romance entre Ji Yeon (fofa!!!) e Aaron Littleton! Vocês leram aqui primeiro, crianças!

De volta a 1988, as cenas com a equipe da jovem (e gata) Danielle foram um banquete para os fãs de longa data! Vimos o primeiro encontro deles com o Lostzilla (com fome de novo, yay!), vimos aquelas ruínas misteriosas aonde Montand perde o braço (ou melhor dizendo, o braço perde Montand, né Danielle?), vimos Jin ser o responsável por preservar a vida da Rousseau por tempo suficiente para a Alex nascer... e num salto temporal que serviu quase como um fast-forward no flashback in loco vivido pelo Jin, vimos Danielle já locadavagina matando o pai de sua filha (quem disser que Alex é filha biológica do Ben agora vai receber uma carta com Anthrax, falo muito sério), num ato inexplicável para um casal que poucos meses antes superexpôs tanto seu romance para a câmera, e nos jogando quase que desinteressadamente a informação de que ele era um hospedeiro! Depois de tantos mistérios resolvidos nos últimos episódios, bem que eu já tava sentindo saudades mesmo de um mistério novo pra poder roer ;)

Daí para sabe-se lá quando, vemos enfim o reencontro de Jin com o restante dos Losties in Time. Destaque para o Sawyer quase dando um glomp no coreano, e depois a gafe maravilhosamente hilária do Miles achando que Jin estava pedindo para ele ser seu intérprete ("ele é da Coréia, eu sou da Califórnia!"). Vemos os saltos temporais ficando cada vez mais descontrolados, e subitamente a pobre Charlotte cai no chão para nunca mais levantar. Eu realmente queria que ela continuasse na série (se bem que agora que estamos viajando pelas épocas, nada impede que ela morra e continue sendo até do elenco fixo se quiser), mas quando ela começou a dar o serviço todo e fechar redondinho o mistério de sua ligação com a ilha, eu vi que era inevitável e que ela ia mesmo cantar para subir. O que eu não esperava, era ela se lembrando de ter encontrado Daniel quando era pequena! Arrepio na espinha número um. E quero ver o que os teoristas da implantação de memórias no presente simultaneamente à exibição de cenas do passado terão a dizer sobre isso. Até porque, essa cena não foi mostrada na série ainda, e pela cara de WTF que o Daniel fez, ele mesmo ainda não vivenciou esse encontro. Tem tudo para ser uma cena avassaladora, só basta achar uma atriz mirim ruivinha que se sustente em cena com o Jeremy Davies. Mal posso esperar!

Outra cena de absoluto destaque, que me fez urrar e chutar o ar de alegria, foi o CHILIQUE que Ben dá com Jack e a Sun durante a lengalenga deles dois. Juro que bati palmas! Michael Emerson não é Michael Emerson à toa, e prova que seu personagem ainda tem muito a oferecer antes de virar uma caricatura de si mesmo - contanto que o roteiro ajude. Confesso que estava enfastiado com o Ben desde o episódio passado porque ele ultimamente era onipresente, onisciente e puxava todas as cordas, o que simplesmente não tem nada a ver com Benjamin Linus clássico, que sempre foi um cara que, por mais que pudesse ficar confortavelmente ditando as jogadas, estava sempre arriscando, blefando, subindo apostas e abusando dos limites de seu controle sobre a situação - e justamente por isso ele perdeu a filha. Ele teria conseguido arrebanhar a Sun com ou sem aquele ataque de pelanca, ele fez porque ele se diverte chutando o balde. Esse, sim, é o Ben que eu respeito =) Arrepio número 2.

Agora. Destaque máximo do episódio, sem sombra de dúvidas, lá no alto e reinando soberano, foi a interpretação MARAVILHOSA do Terry O'Quinn conversando com Jacob dentro do poço. Estou seriamente abalado ainda pelos longos e silenciosos momentos que ele leva para assimilar que sim, ele vai morrer, e vai fazer isso para trazer de volta para SUA ilha gente que nem queria (ou merecia) estar lá. Mas ele ainda assim o faz. Faz porque é a vontade da ilha, e tal qual os caprichos de uma amada inconsequente, ele é incapaz de negar. E quantos atores televisivos da atualidade conseguem dizer tanta coisa APENAS com o olhar e a respiração? Não muitos. Arrepios múltiplos com essa cena, até agora só de lembrar.

E como se não bastasse essa carga emocional toda, a cena ainda nos presenteia com mais um caminhão de informações! Locke deveria ter movido a ilha, e não Ben! Jacob despreza o Ben e dá um puxão de orelha no Locke por ainda dar ouvidos àquela víbora. E, finalmente, é revelado o motivo da ilha estar soluçando no tempo - pelo menos o aparente. A roda de burro estava fora de seu eixo. Ou seja, tudo culpa do Locke que deu ouvidos ao Ben, que por sua fez conseguiu estragar o brinquedo. Típico. E o que dizer da excelente última troca de frases entre Christian Jacob Shepherd e Locke? "- Diga oi ao meu filho!"; "- Quem é seu filho?!" =D Eu ri!

Para fechar com chave de ouro o episódio, temos finalmente a confirmação em-cena do spoiler mais mal-guardado dos últimos tempos: a misteriosa Sra. Hawking é Eloise Hawking, e é a mãe de Faraday. TODOS: -Ooooooohhhhhhh!!!! =OOO Ninguém desconfiava, Darlton. Nem mesmo depois dessa teoria ter sido "espontaneamente" conjecturada por 11 entre 10 fãs da série nas últimas duas semanas. Enfim, tem spoilers que de fato ganham vida própria. Nenhum grande dano aí, a não ser ter deixado o suspense da última cena parecendo forçado e idiota. Mas antes disso teve o reencontro de Desmond com um bando de gente que ele esperava nunca mais ver na vida, que valeu pelo episódio inteiro! E a cara que o Ben fez quando ele cita a "mãe de Faraday" leva a crer que ele próprio não conhecia esse detalhe. O que não deixa de ser interessante, afinal é o Desmond - o radical-livre do tempo - jogando novas informações em velhas contendas que existem desde que o relógio anda pra frente. Quem sabe?

E esse certamente foi o maior comentário que eu já escrevi sobre basicamente qualquer coisa. Culpa de Lost, que a cada semana fica mais empolgante. Que venha logo o 5x06 com seus preciosos minutos extras!!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

5x04 "The Little Prince"

Gente, quando eu disse semana passada que ainda não me acostumei com a velocidade dos acontecimentos em Lost, eu nem sabia o que me aguardava. The Little Prince é o maior vagalhão de cenas reveladoras da história da série. Aliás, já seria mesmo sem o último bloco! Em algum momento da metade pra frente do episódio eu realmente comecei a achar que ia precisar dar um pause pra ajudar a assimilar tudo. Assistir sem os intervalos comerciais não é para os fracos de coração não.

O episódio só não é uma obra-prima porque em alguns momentos o texto me fez rolar olhos (Sawyer dizendo basicamente para a câmera há quanto tempo Charlotte estava desacordada, ou o SOFRÍVEL ping-pong dos Losties no acampamento abandonado), mas chega a ser vergonhoso apontar defeitinhos depois de tantos momentos impressionantes que o diretor nos dá. A cena de Sawyer vendo a Kate de 2 meses antes fazendo o parto da Claire foi incrível. De todas as formas que podiam escolher para introduzir essas colisões temporais na série, acho que pegaram a melhor.

Uma das coisas que me deixou empolgado no episódio foi ver os produtores começando a fazer exatamente o que eu esperava que fizessem com esses soluços temporais: apresentar o enredo da temporada como peças de um quebra-cabeças que parecem desconexas a princípio mas se encaixarão com sonoros e retumbantes "plec"s mais pra perto do finale. Só espero que eles não cedam à tentação de explicar tudo muito rápido (já que estão no embalo), como aliás fizeram com o mistério do contratante dos advogados que acossam a Kate. Me senti assistindo Heroes, aquela série em que todos os ganchos épicos deixados por um episódio são resolvidos em 5 minutos no episódio seguinte. Nunca em toda a minha vida achei que fosse dizer isso, mas ao menos uma vez na história eu preferia que Lost tivesse mantido o mistério por mais tempo. Me internem! =P

Não sei nem se devo comentar as revelações do episódio, porque foram tantas. Os outros losties começando a ter sangramentos - Faraday insinuando que quem tem mais tempo de contato com a ilha sofreria os efeitos primeiro, e Miles dizendo que nunca esteve lá, ao que Faraday responde com o enigmático-mas-nem-tanto "tem certeza?" Bem, eu tenho, tenho certeza agora que Miles é o filho do "Dr." Pierre Chang =). Além disso, vimos a primeira menção on-screen à Ajira Airways. E putaqueospariu, JIN ESTÁ VIVO!!! Ô coreano sortudo com naufrágio da porra, hahahahhahaha! Segunda vez que ele sobrevive a uma explosão em alto mar em menos de 3 meses! E ainda conseguiu ser jogado pra dentro da área de efeito da ilha, já que os destroços do cargueiro não foram. Sim, foi forçado, mas quem se importa? Jin é o cara e merece viver!

Por fim, eu urrei de alegria aqui no exato momento em que Locke pergunta "alguém sabe falar Francês"? Dali em diante - resgate do Jin à parte - rolou uma encheção de linguiça básica pra pronunciarem o nome dela, quando todo mundo já estava repetindo "Danielle Rousseau! Danielle Rousseau!!" mentalmente, mas é perdoável. Até porque, valha-me zeus, como aquela francesa esquisita era GATA quando jovem hein, minha gente?? Podem encher linguiça com closes nela o quanto vocês quiserem!

Mas apesar do recheio suculento de revelações estar concentrado na ilha, tal qual no episódio passado, dessa vez tivemos também desenvolvimentos do lado dos Oceanic Six. E infelizmente, eu não consegui dar uma pelota furada para o que acontece com eles, e só não dormi nas partes fora da ilha porque a cena de ação do Sayid deu uma adrenalizada. Não que eu ache que o enredo fora da ilha esteja sem-graça, é que reunir todos eles menos um no mesmo lugar no fim do episódio cortou totalmente a tensão que tinha sido criada com os encontros e desencontros ao longo do episódio. São núcleos antagônicos, os O6 e os Losties. Enquanto os primeiros estão correndo com o argumento e economizando em reviravoltas, os segundos estão vivendo eternas "cenas do próximo capítulo" salpicadas aqui e ali. Deveria funcionar como contraponto, só que não funcionou. Espero sinceramente que o Hurley não saia da cadeia no próximo episódio em que os Oceanic 6 apareçam, senão vou ficar um pouco decepcionado. O ritmo da quarta temporada foi tão perfeito, é sacanagem estragá-lo na quinta.

E é isso aí. Até agora, de quatro episódios exibidos, três foram absolutamente explosivos. Será que Lost aguenta esse compasso até o fim da temporada? Ou melhor - será que nós aguentamos?? A conferir.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

5x03 "Jughead"

Por mais que já tenha uma temporada inteira que isso começou a acontecer, às vezes acho que ainda não me acostumei com a nova objetividade narrativa de Lost. Difícil me lembrar de algum episódio que tenha tido tantos baldes chutados quanto o fenomenal Jughead. Não é à toa que esse está sendo considerado um dos melhores episódios da série até agora por muita gente, eu inclusive.

Mas o episódio não é nem de longe a soma de suas revelações. Mesmo tendo uma trama WTF como força motriz (a não ser que essa bomba vá ter alguma importância para o enredo no futuro, me pareceu meramente uma desculpa para unir as cenas dos losties nos anos 50), o texto do episódio está muito bem amarrado, as atuações estão na mosca, e o episódio se centra em três dos meus personagens favoritos - Desmond, Faraday, e Locke. Aliás, diga-se de passagem, o Jeremy Davies teve a chance de ouro de virar um protagonista clássico, e não desperdiçou. Pela primeira vez deixaram o cara atuar tudo o que sabe. Terminei de assistir com a nítida impressão que, assim como o Herny Ian Cusick e o Michael Emerson antes dele, o Jeremy conquistou status de personagem-chave por merecimento.
O episódio já começa emocionante, mostrando o nascimento do pequeno Charlie Widmore Hume (tocante homenagem, aliás) durante os 3 anos de exílio do casal Des e Penny, e a preocupação de Penny quando Desmond resolve entrar na Inglaterra, território de Charles Widmore, para cumprir a designação trazida a ele por uma memória durante o sono. Esse conflito já era esperado e era muito fácil ter descambado para o melodrama batido, mas Jughead tem a sensibilidade de evitar confrontos óbvios, e de não jogar nos ombros do Desmond toda a responsabilidade pelo que virá a seguir. Quando sua busca se revela mais complexa e arriscada do que inicialmente se pensava, Penny mais uma vez demonstra seu amor e aceita embarcar na roubada com o marido, levando o filho junto. Yay para o amor verdadeiro! \o/

Na ilha, no passado, temos pela primeira vez uma linha de enredo envolvendo exclusivamente os novatos da temporada passada, e fica claro que Dan é o personagem central deste núcleo. O episódio é repleto de insinuações que Faraday já visitou essa época em outra ocasião, antes - e por "antes," aqui, quero dizer mais cedo na vida do personagem, porque agora que estamos pulando através do tempo, a única referência possível é a vivência de cada um dos viajantes temporais. A cena em que Locke conta a Richard o que o próprio lhe disse no futuro brinca com esse conceito. Enquanto para o tempo de vida de Richard, receber a visita de Locke nos anos 50 aconteceu antes de ele curar seu ferimento na época atual, para Locke, o contato com Richard aconteceu antes de ele voltar para 54 e instruír o "idoso" Richard a encontrá-lo criança no orfanato e fazer o teste dos objetos. Temos assim a primeira situação ovo-galinha de Lost. Espero que não hajam muitas outras. Existe um limite para a quantidade de paradoxos temporais que o telespectador padrão consegue engolir sem passar a desacreditar da história toda (e ele se chama "Exterminador do Futuro").

E ao mesmo tempo em que vemos Faraday tentando salvar a vida de Charlotte (snif), vemos pela primeira vez o quanto Locke abraçou a idéia de ser o novo líder dos Outros, quando se recusa a matar um zé ruela porque ele é "um de seu povo." O que só ajuda a deixar o queixo do telespectador no chão quando, mais tarde no episódio, temos a verdadeira bomba H do episódio: o moleque marrento e assassino é ninguém menos do que... Charles Widmore em pessoa.

Diga-se de passagem, o sorriso do Terry O'Quinn e resposta dele "Nada não. Muito prazer." está para mim no top 10 momentos de Lost de todas as temporadas.

Outro momento digno de nota é o Widmore do presente baixando a cabeça para o Desmond, temendo que essa súbita exposição fosse significar a deixa que Ben estava esperando para localizar e matar sua filha. Isso mostra que Charles Widmore e Benjamin Linus têm muito mais em comum do que se imaginava: ambos saíram da ilha a contragosto (presume-se que pelas mesmas vias, ou seja, que Widmore tenha girado a roda de burro em algum momento do passado e, nas palavras de Linus, não possa mais voltar) e ambos possuem uma paixão pela ilha que só é rivalizada pelo amor às suas respectivas filhas. Supondo que a Sra. Hawking seja realmente a mãe de Faraday, será que Widmore imagina que enviou sua amada Penny para a boca do lobo?

Além disso, o episódio também tem vários momentos ótimos. Juliet dizendo que Richards "sempre esteve ali." Sawyer e Miles servindo de alívio cômico para seus respectivos grupos, mas com tiradas mais inteligentes do que escrachadas. A desconfiada Ellie (que eu jurava que era a Rousseau jovem quando apareceu, quase gritei) demonstrando uma fragilidade que não combina com os Others contemporâneos de Ben Linus, o próprio Alpert falando dos soldados americanos mortos como quem pede desculpas, e confiando cegamente no que Locke diz - sinal de que os Others estavam acuados e desorientados, temendo a iminente descoberta e invasão de sua ilha nativa por uma América que esquadrinhava o Pacífico em busca de japoneses.

Aliás, duas coisas que ficaram na minha cabeça depois de assistir Jughead. Primeiro, é possível que Alpert tenha de fato baseado 50 anos de estratégia de sobrevivência apenas guiado pela visita do Locke do futuro. Por isso ele ficou revoltado quando o jovem Locke não reconheceu sua bússola, e - imaginem só - talvez por isso ele tenha criado Ben para ser o líder dos Others, achando que talvez ele fosse o homem que o visitou em 54 sob a alcunha de "John Locke." Isso seria uma reviravolta épica de enredo!

Outra coisa: Charles Widmore era um Other nativo? Ele nasceu na ilha? Se sim, isso significa que Penny (e o pequeno Charlie) têm "sangue other"? Quais as consequências disso para a família Widmore Hume? Será que Charlie e Aaron irão disputar a ilha (e o coração de Ji Yieon) no futuro?? Ok, essa foi forçada, mas as possibilidades são imensas!

Enfim. Só pelo tamanho do post dá pra percerber que Jughead é um episódio nada menos do que clássico na série. E ainda é apenas o terceiro da quinta temporada! Bring it on!!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

5x01 "Because You Left" / 5x02 "The Lie"

E eis que, meses depois, Lost está de volta pegando de onde parou. Apesar do balde de água fria que é uma entressafra de temporadas, essa dupla reestréia conseguiu reintroduzir toda a carga emocional e toda a ação que o finale da 4ª temporada estabeleceram. O que inclusive foi eseencial para me reanimar a sequer comentar, depois do fiasco do release do primeiro episódio, que foi sair 6:30 da manhã só devido a problemas técnicos na transmissão de satélite da ABC =/

Mas nem só de ação se faz Lost. Uma das minhas maiores precupações depois das reviravoltas finais do ano passado era como o roteiro lidaria com a abordagem escancarada de assuntos que até então eram apenas sugeridos. Confesso que rolou um inevitável desconforto com a exposição nada sutil do Hallifax logo no começo ("energia que, se colhida da forma correta, pode nos dar o poder de viajar no tempo!!1!1" Fiquei esperando ele erguer o braço bom e gritar YATA!) mas a jogada de mestre foi fazer a ilha ficar com soluços temporais, ao mesmo tempo banalizando e renovando o conceito de viagem temporal no contexto de Lost. Outra exposição grosseira - mas essencialmente necessária para botar um tampão preventivo em furos de roteiro - foi Faraday estabelecendo que o tempo em Lost é linear e que ninguém pode mudar nada, dando assim muito mais valor à capacidade milagrosa que Desmond tem de romper as barreiras do espaço-tempo e alterar o curso da história. Go Des!!

O novo formato da série é bem o que eu imaginei que seria: alternando o presente fora da ilha com 3 anos no passado, imediatamente após os O-6 escaparem da Ilha. O problema é que, pelo visto, eles raramente estarão de fato 3 anos atrás, visto que ficam pulando de época em época, e portanto aquela legendinha introdutória que diz "3 anos atrás" vai perder o sentido muito rápido.

E apesar de não termos mais a centralização oficial de cada episódio em um personaem (fazendo-o estrelar um flashback/flashforward), implicitamente ainda existe a figura do personagem central. No primeiro episódio foi, sem dúvida, o Faraday, que confirmou de vez seu posto de "novato favorito" no meu conceito. Acho que meu apreço por ele vem em grande parte do fato de ele, ao contrário de outros personagens na história da série que sabiam de fato do que se trata a Ilha, compartilhar a informação com o público. Além disso, ele tem aquela curiosidade quase inconsequente dos cientistas malucos que realmente encontra reconhecimento em mim, então podem me vestir de Team Faraday pelo resto da série e começar a shiparem ele e a Charlotte, porque pelo visto além de resolver os enigmas da ilha ele agora tem que salvar a vida da amada que começou a sofrer os terríveis efeitos colaterais da viagem no tempo =/

Já o segundo episódio foi todo do Hurley. E vamos combinar, se na época das 3 primeiras temporadas a frase "episódio do Hurley" era recebida com um gemido coletivo e um rolar de olhos, hoje em dia são pra mim os mais esperados. Impossível não se emocionar com o sofrimento do cara, que mesmo tendo passado por tanta merda continua incapaz de ter sentimentos ruins ou de ir contra sua natureza pacífica e amistosa. O peso de ter enfrentado a maldição dos números, o manicômio (por duas vezes), a perseguição da polícia e as visões de gente morta - muitas dessas dores para proteger uma mentira que ele nem queria contar, pra começo de conversa - vem à tona quando a mãe o confronta e ele desaba. Quase desabei junto. E o sorriso de pura alegria quando ele percebe que deu uma rasteira no maior manipulador da história das séries televisivas, simplesmente porque o gênio Ben Linus é incapaz de conceber alguém tão desprendido e disposto ao autosacrifício quanto Hugo - isso não tem preço, mesmo. São momentos assim que fazem de Lost o que a série se tornou nesses 4 anos e tanto de existência.

No mais, detalhes: adorei a aparição da Analulu (Michelle Rodriguez cada vez mais macho, pqp), apesar do texto da dupla Kitsis/Horowitz no 5x02 ter tido alguns momentos de total falta de inspiração, como o "Libby said hi." Mas enfim, escrever é que nem dar partida em carro no inverno, às vezes demora pra pegar =P Confio nos dois e sei que esse tipo de delivery óbvio deve desaparecer ao longo da temporada.

Também achei fenomenal o detalhe do Richard Alpert ter respondido indiretamente qual dos objetos o pequeno Locke devia ter escolhido no dia do teste - a bússola. E ter dado essa bússola para o Locke velho, criando assim uma forma rápida e prática de ser convencido no passado quando um suposto viajante temporal aparecer para avisá-lo que dali há muitos anos ele precisa ir fazer um curativo que já foi feito =P Confuso? Nem achei =D

A aparição da Ms. Hawking foi inesperada mas muito boa. E agora já está bem evidente que a equipe dos Others que ficava alocada fora da ilha foi toda recrutada pelo Ben para dar cabo de seu plano de retorno. Mais uma prova que Linus não dá ponto sem nó. E eu não sei quanto a vocês, mas fiquei muito intrigado com a resposta vaga que ele dá ao Jack quando perguntado se Locke está mesmo morto.

E, por fim, depois de 3 temporadas citando o nome do infeliz em entrevistas, histórias paralelas e cenas de fundo, finalmente deram tempo de cena ao tal do Neil Frogurt... apenas para reeditar o saudoso Dr. Arzt. O que eu achei excelente, afinal todos se lembram de Paulo e Nikki, certo? Além disso o Neil cometeu o mesmo pecado mortal que o Arzt: começou a falar merda pros protagonistas antes de se certificar que teria um flashback. Os deuses da Ilha são impiedosos com coadjuvantes chiliquentos! =P

Enfim, um excelente retorno para uma excelente série que é Lost. E semana que vem vou ganhar o 5x03 de aniversário, espero que o episódio chute bundas!! \o/

Estamos de volta, garotada!!!