sexta-feira, 20 de março de 2009

5x09 "Namaste"

Na semana retrasada, terminei meu comentário sobre o 5x08 "LaFleur" dizendo que estava curioso para ver como Sawyer reagiria ao retorno de Jack, e posso dizer que estou deveras satisfeito com a resposta. A dinâmica de "Namaste" me lembrou bastante a estrutura de um episódio de 24 Horas (pelo menos da época em que eu assistia), visto que é um episódio centrado em resolver o gancho deixado pelo anterior. Mas a tensão de ver Jim LaFleur tendo que tomar milhares de decisões instantâneas e estar sempre a meio segundo de botar tudo a perder esconde a sutil disputa que está havendo ali.

Confesso que cheguei a sentir uma certa pena do Jack. Depois de tanto tempo se fudendo no mundo exterior, estar de volta à ilha era tudo o que ele queria. Era a chance de estufar novamente o peito, paternalizar todos ao seu redor e liderar seus iguais para cima e para baixo. E Sawyer, que não é burro, percebe isso logo de cara (quando Jack pega seu plano e bota em "votação," falhando em reconhecer que ele era o xerife agora e que suas ordens não eram sugestões) e dá um cock block violento no doutor. Não só a picuinha de colocá-lo como zelador, mas a questão de fazer Juliet abrir a porta (alguém acredita que não foi de propósito?) e finalmente a resposta mais do que direta ao primeiro sinal de reclamação. É seguro dizer que o Sawyer esmagou preventivamente qualquer tentativa de projeção do Jack, mesmo que inconsciente, antes que o mesmo percebesse que a vida dos que ficaram na ilha foi boa até agora, e que nenhum deles está com muita pressa de sair dali. Sawyer até suspira quando Hurley o lembra que, eventualmente, todos ali serão mortos.

Além disso, esse episódio me tirou a sensação desagradável que "LaFleur" tinha deixado, de que a iniciativa Dharma era composta de 3 gatos pingados. Não sei se foi a falta de figurantes ou o clima intimista e cheio de closes do episódio anterior, mas eu tinha achado tudo vazio demais em comparação com os flashbacks de Ben na terceira temporada. Mas "Namaste" fez um bom trabalho em demonstrar o tamanho e a extensão das operações Dharma na ilha, inclusive botando Jack e o Dr. Pierre Chang cara a cara pessoalmente, além de nos apresentar finalmente a futura-mancha-no-teto Radzinsky (que descobrimos ser o arquiteto da já saudosa estação Cisne) e de responder o que todos estavam se perguntando: quem é o bebê que Juliet botou no mundo? Ethan Rom!

E outra coisa importante de "Namaste" foi termos definido oficialmente o paradeiro de cada um dos passageiros do Ajira 316. Jack, Kate, Hurley e Sayid foram para 1977 enquanto Lapidus, Sun, Ben e Locke ficaram no presente - embora o clarão que levou os outros quatro tenha também deslocado o vôo no tempo, pelo menos de noite para dia. Mas a julgar pela legenda "30 anos antes," acredito ter sido um salto menor, de 2008 para algum ponto de 2007. E que cena BIZARRA aquela do Christian Shepherd na vila destruída! Ele teve manifestações macabras antes, mas essa bateu todos os recordes. E o que dizer do fato de Locke, Sawyer, Hugo e Claire terem passado tanto tempo naquela vila, antes do Keamy mandá-la pelos ares, e nunca terem percebido a foto dos novatos de 77 na parede do barracão de jogos? Mais uma situação Jin-Rousseau para ser discutida por semanas a fio? Eu, pra variar, acredito que eles simplesmente não notaram. Até que me mostrem uma cena da Danielle se reapresentando para o Jin em 2004 ou uma cena de um dos losties olhando as fotos na parede e não reconhecendo ninguém familiar, fica o dito pelo não dito. E mesmo o dito, em Lost, pode sempre ser um deslize - vejam por exemplo a idade da Charlotte, que os produtores admitiram terem errado no podcast oficial dessa semana.

Agora, o que vai ser mais difícil de explicar, vai ser o fato do Ben já ter conhecido o Sayid quando jovem. Afinal, esses sim tiveram interação (intensa) durante as temporadas passadas, e em nenhum momento Ben mencionou qualquer coisa sobre já ter conhecido um iraquiano chamado Sayid. Entretanto, não esqueçamos que ele é Benjamin Linus. Pode perfeitamente ter reconhecido o Sayid desde sempre e nunca ter falado nem demonstrado nada. Ben não desperdiça meia informação sem que haja um proposito tácito a ser alcançado por revelá-la.

Resumo da ópera: excelente episódio, numa excelente temporada. Semana que vem tem mais!

sexta-feira, 6 de março de 2009

5x08 "LaFleur"

Antes de mais nada: WOOOOO, REIKO AYLESWORTH PEGAEL!1!11

Ok, agora que já tirei isso do sistema =D Eu realmente gosto desses episódios de Lost que têm um enredo basicamente shipper, mas onde os produtores ficam preenchendo cada cantinho de rolo de filme com mitologia, pistas, e várias outras migalhas de pão para os fanáticos seguirem. LaFleur é um episódio para se ver mais de uma vez, possivelmente com a Lostpedia aberta do lado para eventuais consultas. E além disso, é também um episódio dos bons.

Claro que eu não tenho a memória que muita gente tem então nem vou me arriscar a ficar apontando os detalhes sob o risco de falar alguma bobagem. Prefiro apenas ressaltar as boas tiradas do episódio, a melhor tendo sido pra mim o Daniel - ainda desolado pela morte da amada - ter dito que tanto faz os losties tentarem interferir no passado, porque o que aconteceu aconteceu. Mais uma prova contundente de que não existe livre-arbítrio em Lost e que tudo que está para acontecer segue um rumo premeditado desde basicamente sempre. E o agradecimento do Sawyer me arrancou uma gargalhada ("valeu, Platão!")

Aliás, falando em Sawyer, que volta por cima ele deu hein minha gente? Parece que ter encontrado e matado o Anthony Cooper de fato exorcizou aquele tigre que não mudava de listras da vida dele. Chega a ser engraçado vê-lo utilizando as habilidades de golpista dele para o bem dos outros antes do dele próprio. E que cena fantástica ele sendo um "other" pro Richard Alpert e deixando o cara da maquiagem com a mesma cara de WTF que os próprios Losties tanto ostentaram diante das coisas inexplicáveis daquela ilha. O jogo definitivamente virou.

E eu já mencionei a Reiko Aylesworth? X-DDDDDD

Desculpem, divaguei. Mas enfim, não tem muito mais o que ser dito exceto pelos duzentos bilhões de "VOCÊ NOTOU QUE..." espalhados pelo episódio. E os fãs da estátua de quatro dedos devem ter lavado a alma =P Pena que agora só tem mais Lost dia 18

E outro parêntese aqui, a Liz Mitchell de banho tomado e carinha de apaixonada é o passatempo da minha viagem e a alegria da minha criança. Só não babei mais nela esse episódio porque, bem, vocês sabem, REIKO AYLESWORTH PORRA!!!! casa comigo. (ponto (.))

Ah, e antes que eu me esqueça, bela malandragem dos produtores pra emparelhar a idade da galera hein? =P muita coincidência terem se passado logo 3 anos desde que a turma do Sawyer chegou na década de 70 até o exato ponto em que os Oceanic Three vão pro passado ;)

Um adendo agora que eu meditei um pouco sobre o episódio: acho muito curioso que o Sawyer, no fim das contas, seja tudo que tanto o Jack quanto o Locke não conseguiram ser. Se levarmos em conta que as quatro primeiras temporadas aconteceram num período de pouco menos de 3 meses, e que o período de Sawyer como manda-chuva da ilha foi de 3 anos, não é difícil perceber como ele teve sucesso - incidental? - aonde os outros candidatos a macho alpha fracassaram miseravelmente. Locke é o líder apontado por Jacob mas liderou por uns poucos minutos. Jack é o líder apontado por sua própria necessidade de guiar a todos, mas terminou bêbado, isolado e sem credibilidade com ninguém.

Não posso deixar de pensar que a grande vantagem de Sawyer sobre os outros dois é o fato dele entender que demonstrar fragilidade é uma arma fundamental para construir confiança. Enquanto, quando confrontados com momentos de fraqueza, Jack entra em surto psicótico controlador e Locke vai vagar pela floresta e gritar para o vazio, Sawyer tem a sutileza de deixar transparecer "sem querer" seus medos. Ele faz com que as pessoas ao redor se sintam úteis, próximas, e não como crianças no maternal guiados por uma babá. Foi assim que ele conquistou Kate, foi assim que ele conquistou Jin, Hurley, o próprio Jack, e foi assim que ele deixou Juliet na palma de sua mão na cena do píer. Em termos de carisma, James "LaFleur" Sawyer é muito mais líder do que qualquer outro candidato, e seu tempo de "reinado" na ilha (dando conselhos ao Horace e impondo medo no Alpert) é reflexo direto desse fator.

Resta saber como ele vai reagir agora que Jack voltou do além. Estou curioso para descobrir =)