E eis que, meses depois, Lost está de volta pegando de onde parou. Apesar do balde de água fria que é uma entressafra de temporadas, essa dupla reestréia conseguiu reintroduzir toda a carga emocional e toda a ação que o finale da 4ª temporada estabeleceram. O que inclusive foi eseencial para me reanimar a sequer comentar, depois do fiasco do release do primeiro episódio, que foi sair 6:30 da manhã só devido a problemas técnicos na transmissão de satélite da ABC =/
Mas nem só de ação se faz Lost. Uma das minhas maiores precupações depois das reviravoltas finais do ano passado era como o roteiro lidaria com a abordagem escancarada de assuntos que até então eram apenas sugeridos. Confesso que rolou um inevitável desconforto com a exposição nada sutil do Hallifax logo no começo ("energia que, se colhida da forma correta, pode nos dar o poder de viajar no tempo!!1!1" Fiquei esperando ele erguer o braço bom e gritar YATA!) mas a jogada de mestre foi fazer a ilha ficar com soluços temporais, ao mesmo tempo banalizando e renovando o conceito de viagem temporal no contexto de Lost. Outra exposição grosseira - mas essencialmente necessária para botar um tampão preventivo em furos de roteiro - foi Faraday estabelecendo que o tempo em Lost é linear e que ninguém pode mudar nada, dando assim muito mais valor à capacidade milagrosa que Desmond tem de romper as barreiras do espaço-tempo e alterar o curso da história. Go Des!!
O novo formato da série é bem o que eu imaginei que seria: alternando o presente fora da ilha com 3 anos no passado, imediatamente após os O-6 escaparem da Ilha. O problema é que, pelo visto, eles raramente estarão de fato 3 anos atrás, visto que ficam pulando de época em época, e portanto aquela legendinha introdutória que diz "3 anos atrás" vai perder o sentido muito rápido.
E apesar de não termos mais a centralização oficial de cada episódio em um personaem (fazendo-o estrelar um flashback/flashforward), implicitamente ainda existe a figura do personagem central. No primeiro episódio foi, sem dúvida, o Faraday, que confirmou de vez seu posto de "novato favorito" no meu conceito. Acho que meu apreço por ele vem em grande parte do fato de ele, ao contrário de outros personagens na história da série que sabiam de fato do que se trata a Ilha, compartilhar a informação com o público. Além disso, ele tem aquela curiosidade quase inconsequente dos cientistas malucos que realmente encontra reconhecimento em mim, então podem me vestir de Team Faraday pelo resto da série e começar a shiparem ele e a Charlotte, porque pelo visto além de resolver os enigmas da ilha ele agora tem que salvar a vida da amada que começou a sofrer os terríveis efeitos colaterais da viagem no tempo =/
Já o segundo episódio foi todo do Hurley. E vamos combinar, se na época das 3 primeiras temporadas a frase "episódio do Hurley" era recebida com um gemido coletivo e um rolar de olhos, hoje em dia são pra mim os mais esperados. Impossível não se emocionar com o sofrimento do cara, que mesmo tendo passado por tanta merda continua incapaz de ter sentimentos ruins ou de ir contra sua natureza pacífica e amistosa. O peso de ter enfrentado a maldição dos números, o manicômio (por duas vezes), a perseguição da polícia e as visões de gente morta - muitas dessas dores para proteger uma mentira que ele nem queria contar, pra começo de conversa - vem à tona quando a mãe o confronta e ele desaba. Quase desabei junto. E o sorriso de pura alegria quando ele percebe que deu uma rasteira no maior manipulador da história das séries televisivas, simplesmente porque o gênio Ben Linus é incapaz de conceber alguém tão desprendido e disposto ao autosacrifício quanto Hugo - isso não tem preço, mesmo. São momentos assim que fazem de Lost o que a série se tornou nesses 4 anos e tanto de existência.
No mais, detalhes: adorei a aparição da Analulu (Michelle Rodriguez cada vez mais macho, pqp), apesar do texto da dupla Kitsis/Horowitz no 5x02 ter tido alguns momentos de total falta de inspiração, como o "Libby said hi." Mas enfim, escrever é que nem dar partida em carro no inverno, às vezes demora pra pegar =P Confio nos dois e sei que esse tipo de delivery óbvio deve desaparecer ao longo da temporada.
Também achei fenomenal o detalhe do Richard Alpert ter respondido indiretamente qual dos objetos o pequeno Locke devia ter escolhido no dia do teste - a bússola. E ter dado essa bússola para o Locke velho, criando assim uma forma rápida e prática de ser convencido no passado quando um suposto viajante temporal aparecer para avisá-lo que dali há muitos anos ele precisa ir fazer um curativo que já foi feito =P Confuso? Nem achei =D
A aparição da Ms. Hawking foi inesperada mas muito boa. E agora já está bem evidente que a equipe dos Others que ficava alocada fora da ilha foi toda recrutada pelo Ben para dar cabo de seu plano de retorno. Mais uma prova que Linus não dá ponto sem nó. E eu não sei quanto a vocês, mas fiquei muito intrigado com a resposta vaga que ele dá ao Jack quando perguntado se Locke está mesmo morto.
E, por fim, depois de 3 temporadas citando o nome do infeliz em entrevistas, histórias paralelas e cenas de fundo, finalmente deram tempo de cena ao tal do Neil Frogurt... apenas para reeditar o saudoso Dr. Arzt. O que eu achei excelente, afinal todos se lembram de Paulo e Nikki, certo? Além disso o Neil cometeu o mesmo pecado mortal que o Arzt: começou a falar merda pros protagonistas antes de se certificar que teria um flashback. Os deuses da Ilha são impiedosos com coadjuvantes chiliquentos! =P
Enfim, um excelente retorno para uma excelente série que é Lost. E semana que vem vou ganhar o 5x03 de aniversário, espero que o episódio chute bundas!! \o/
Estamos de volta, garotada!!!
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