quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

5x07 "The Life and Death of Jeremy Bentham"

Quem lembra do meu comentário de "This Place Is Death" sabe que a parte que mais me emocionou do episódio foi a cena final de John Locke e Christian Shepherd nas imediações da roda-de-burro. A atuação do Terry nessa cena foi uma das melhores dele em muito tempo de série, e eu acredito - conhecendo o ator através das entrevistas que ele dá - que isso se deva em grande parte ao retorno do propósito à vida de John, que desde a primeira temporada andava muito confuso, e isso interferia na capacidade do Terry de entrar na personagem. Toda a carga emocional que ele colocou na cena me deixou salivando à espera do inevitável episódio Locke-cêntrico que estava por vir.

Mas mesmo já fazendo idéia do que me aguardava, eu nunca, jamais conseguiria ter me preparado para "The Life and Death of Jeremy Bentham." Escrevo esse comentário meio anestesiado ainda, portanto não liguem se eu começar a divagar um pouco.

O episódio tem algumas cenas de impacto, das quais 90% me foram roubadas pela promo ou por conhecidos sem-noção que botam citação do episódio em status de MSN (peguem fogo por dentro e morram lentamente), mas elas nem chegam a fazer tanta diferença. O sétimo episódio da quinta temporada vem para lembrar aos fãs que Lost não foi construído apenas em mistérios e cenas "ZOMG COMOASSIM"; que por trás do sucesso da série, estão momentos de atuação impecável e atores fenomenais que botam o D em Drama (que, afinal, é o gênero oficial da série). Claro, tivemos o momento "Wow, o vôo 316 caiu na ilha mesmo depois dos O6 serem levados pelo clarão!," o momento "putz, o Locke está vivo outra vez!" e o momento "cacete, Ben não foi com os Oceanic Six para o passado!!" Fora vislumbres da nova estação Dharma [edit: era a Hydra, como sou burro! =P], uma breve introdução dos novos personagens fixos (ei, caiu um segundo avião no fim das contas! yay para quem tinha essa teoria nos idos de 2005!) e até uma dica de que o Lapidus sobreviveu - após fazer um trabalho muito melhor do que o do colega Seth Norris e pousar avião em um pedaço só - mas saiu vazado com uma mulher desconhecida (Sun?) antes do Locke aparecer andando sobre as águas e gritar BRINKS, TÔ VIVÃO!!!1!

Mas mesmo se o episódio tivesse cortado por completo seu início e seu final no presente da ilha, ainda seria tudo o que foi. Agora dá pra entender por que Cuse e Lindelof fizeram aquele trabalho nas coxas ao escrever o roteiro do episódio anterior: eles queriam chegar logo na melhor parte. E quão melhor ela foi! Tiro meu chapéu para esses dois e para o sempre excelente Jack Bender, que por mim podia agregar o cachê dos diretores convidados e dirigir todos os episódios que restam da série. Ele é tão bom que eu me peguei imaginando se as cenas na áfrica tinham sido filmadas em locação (imagino que não), porque ao contrário de uns outros diretores da série, ele faz de tudo para esconder os chroma e as CGI vagabundas que a ABC financia com ângulos naturais de câmera. Além disso, ele deu o episódio inteiro de presente pro Tery O'Quinn, colocando os olhos de Locke quase que permanentemente em primeiro plano, contando para nós tudo que o roteiro apenas sugere.

O episódio é, realmente, uma escalada de duelos de atuação. Já começa bem, nos presenteando com o primeiro e antológico confronto cara a cara entre Locke e Widmore desde que o primeiro ainda era um moleque arrogante de 17 anos. Teria quase sido o melhor confronto do episódio, mas claro que isso seria contra a lógica de uma obra cinematográfica, então a cena, embora muito boa, conquistou apenas a terceira colocação no meu ranking pessoal. Mas vale ressaltar a naturalidade como o Alan Dale leva o texto meio afobado (driblou magistralmente a tentação de supervalorizar aquela fala do "pra mim eles são apenas meu povo") e a forma como o Terry deixa a animosidade inicial do Locke cair, lentamente, centímetro a centímetro, até estar disposto a acolher o que Widmore lhe diz.

E então temos Matthew Abbadon, que tem o papel de provocar Locke como uma hárpia maligna ao longo de todo o caminho, conduzindo-o em mais formas do que uma. Os vários pequenos confrontos entre ambos eclode no ponto em que ele joga na cara de Locke que ele é um agente manipulador, e que o alcance da influência de Widmore se deve em grande parte a ele. Mas talvez pela diluição desse duelo entre várias outras cenas, reservei apenas um quarto lugar para esse dueto no meu ranking qualificatório. Mas pulei de susto e ansiedade quando Abbadon encontra seu fim violento no meio de uma cena introspectiva e taciturna que, num estalo, vira um banho de sangue.

Vários outros encontros ocorreram ao longo do episódio e eu obviamente não qualifiquei todos. A bem da verdade, os encontros de Locke com cada um dos quatro O-Six que ele visita foram apenas medianos. Matthew Fox teve uma chance de ouro de repetir sua atuação do season finale da terceira temporada - a única atuação realmente memorável dele na série - mas desperdiça apelando para os tiques nervosos usuais dele. Ou talvez ele só tenha brilhado naquele episódio porque não estava contracenando com o Terry nem com o Michael Emmerson, vai saber.

Mas uma cena inesperadamente tocante, que me deixou com um nó na garganta e a vista meio marejada, foi o reencontro de Locke e Walt. E nem acho que isso se deva especialmente ao Malcolm David Kelley, mas sim porque a cena resgata uma dinâmica diretamente das profundezas do início da primeira temporada, e eu fui pego de surpresa. Walt foi a primeira amizade de Locke naquela ilha, e a mais imaculada. Dá para ver claramente o respeito que um nutre pelo outro. E a atitude de Locke de deixar o garoto de fora mesmo que isso pusesse em risco os planos de Jacob é realmente emocionante. Minha cena número dois de todo o episódio.

Mas tudo isso que eu escrevi acima, sem exceção, poderia também facilmente ter ficado de fora sem prejuízo da qualidade final. Porque minha cena favorita, tão boa que chega a ser óbvia, essa valeu pelo episódio inteiro, mais o anterior, e ainda deu uns cinco episódios de crédito. A vida de Jeremy Bentham foi memorável, mas nada, nada se compara à sua morte.

Do momento em que Locke começa a escrever sua carta de suicídio, eu me arrepiei e a respiração pesou. Aquele final do 5x05 foi uma amostra grátis perto do que o Terry faz com aqueles longos minutos de silêncio em que Jeremy Bentham se prepara para dar cabo da própria vida. Acho que até a vizinhança fez silêncio (e aqui isso é basicamente impossível) e prendeu a respiração, olhos grudados na tela. Cada suspiro dele era reproduzido por mim no sofá, cada lágrima que brotava dos olhos dele furtivamente se anunciava nos meus também. E quando todo o universo está por aquele centímetro que separa os pés de Locke do vazio, eis que valsa porta adentro o diabo em pessoa.

Eu não consigo quantificar o quão monstruoso é o duelo de atuações entre Michael Emmerson e Terry O'Quinn. Cada frase, cada mudança de tom na voz deles, eu sentia a terra tremer. A dupla de atores com a melhor química em cena da série simplesmente estabeleceu um dos pilares de toda essa massiva obra do entretenimento que é Lost, diante dos meus olhos. Daqui a vinte anos, quando alguém estiver lembrando daquela série louca sobre uns sobreviventes de um acidente de avião perdidos numa ilha maluca que marcou os anos 00, essa provavelmente vai ser a segunda cena a ser lembrada, a primeira sendo é claro a abertura do episódio piloto. Sério, podem dar risada e dizer que eu estou afetado, mas eu não me contenho. Benjamin Linus é o mal encarnado, e eu nem precisei chegar até o momento em que ele assassina friamente o Locke - o momento em que os Darlton escancaram para o mundo de que lado ele realmente está - pra entender isso. No momento em que ele diz a John que ele é especial - eu soquei a palma da minha mão, falei quase gritando para a minha irmã: "Ele é o único. O único filho da puta sem alma que não diz ao John que ele é um velho patético e sem propósito! O único que sustenta que ele é especial, e para ele isso é só uma mentira, é um golpe baixo e fatal. Ele é muito cruel, puta que o pariu!"

E eu já não consegui mais segurar a lágrima desgraçada quando ele se ajoelha diante do John e estende a mão. Gente, não me importa o que fulaninho ou cicraninha de uma academia de artes considera "arte" ou "pop." eu nunca fui tão abalado por uma cena de série de TV desde a morte do Ryan Chapelle na terceira temporada de 24 Horas, e olha que isso é dizer muito! Ainda mais porque, caralho, ele decide matar o John de improviso! Dá pra ver claramente as engrenagens do inferno se movendo atrás dos olhos de Benjamin quando ele descobre que Jin está vivo, e a informação sobre Ellie Hawking é apenas o derradeiro prego no caixão de Jeremy Bentham. Benjamin Linus não puxa todas as cordas porque ele não precisa disso. Ele avalia a situação como o melhor jogador de xadrez do mundo e age no piscar de um olho. Carlton e Damon deveriam instituir que ninguém mais, nunca mais, pode escrever uma cena com o Ben sem antes passar pelo crivo pessoal deles dois. Mesmo que seja uma aparição de 5 segundos em segundo plano.

E é isso. Fim do meu maior comentário sobre Lost até o momento, mas enfim, ninguém é obrigado a ler e muito menos eu tenho obrigações com espaço ou diagramação. Daqui a uns anos eu vou provavelmente reunir todos os comentários que já fiz sobre a série e esse provavelmente ainda será o mais extenso. Porque o episódio merece.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

5x06 "316"

-q

Foi essa a sensação que eu tive assistindo ao sexto episódio da temporada, "316". Escrito pelos produtores, esse episódio é basicamente o que estabelece o fim da introdução e início do primeiro ato da temporada. Um episódio-chave escrito pelo livro. E com um primeiro bloco espetacular, diga-se de passagem! A reprodução da cena inicial da série, emendada com a explicação ultra-didática da Sra. Hawking sobre como aquela estação Dharma perdida em Los Angeles foi usada para encontrar a ilha pela primeira vez, e que aquele lugar possui a mesma singularidade magnética que a própria ilha. O desafio do Desmond a ela, o Ben e seu comportamento bizarro... tudo excelente mesmo. Aí do nada o episódio vira uma colagem de recortes que não fazem um menor sentido, incluindo a introdução de um avô do Jack que nunca foi sequer mencionado com a única finalidade de dar os sapatos do filho para o neto (deus ex machina de doer nos olhos), a Kate subitamente indo pra casa do Jack dar pra ele e aceitar voltar pra ilha, oitenta mil cenas não explicadas, um argumento levemente forçado de que eles precisam recriar o vôo 815 original e que leva cada um a aparecer fazendo cosplay do outro no aeroporto, uma aparição rápida e com uma interpretação MEDONHA do Lapidus... e bum, fim de história, estão todos na ilha. Mas esperem! Dessa vez sem queda de avião, e na era de ouro da Iniciativa Dharma!!

Eu não sou bobo e sei muito bem que esse episódio foi basicamente para plantar a semente de diversos futuros flashbacks dos O6 explicando o que aconteceu nas 46 horas entre o início e o fim do episódio, emendando as cenas aparentemente sem sentido... mas really, precisava disso? Eu tava gostando da dinâmica da série sem os flashbacks e flashforwards, me pareceu um contrasenso reintroduzir essa narrativa que já deu o que tinha que dar em 4 anos de seriado.

Francamente, não que tenha sido um episódio ruim, mas é meio vergonhoso quando os produtores preparam pessoalmente o roteiro de um episódio que é para ser icônico na série, e os episódios anteriores dirigidos e escritos pela equipe secundária parecem todos muito melhores. Parece que se preocuparam mais em se autoreferenciar do que em criar ritmo nas cenas e fazer um roteiro que soasse menos como uma lista de assuntos a serem abordados sendo lida em voz alta. E claro que ter sido um episódio basicamente Jack-cêntrico contribui fortemente para a sensação de "ai meu saco," especialmente sabendo que o próximo é centrado no Locke - e que provavelmente vai ser bem mais interessante.

As melhores coisas do episódio foram sem dúvida a Lamppost Station com seu mapa e seu pêndulo que me causaram uma sensação muito parecida com aquele mapa fluorescente na parede da Swan, e o sorriso do Ben sacaneando o Jack no avião. Mas enquanto "316" talvez tivesse sido um episódio excelente se estivesse encrustado no meio, digamos, da terceira temporada, nesse quinto ano ele deixou um pouco a desejar.

Mas enfim, semana que vem tem a vida e morte de Jeremy Benthan, esse com certeza vai ser glorioso =)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

5x05 "This Place Is Death"

Fazia tempo que eu não tinha arrepios assistindo um episódio de série de tv. Mas foi isso que "This Place Is Death" me causou. E isso se deve ao roteiro da (cada vez melhor) entidade Kitsis-Horowitz, que acerta na mosca o tom das cenas. Até a direção do Paul Edwards funcionou dessa vez - não é sempre que ele faz coisas boas em Lost. O estilo dele, mais puxado pro cartunesco, funciona bem melhor em Heroes, aonde ele dirigiu os excelentes "Kindred" e "Five Years Gone" aliás. Porém, tenho que admitir que há muito tempo uma cena com o Fumacê não me deixava tão apreensivo, e o mérito é todo do cara.

O episódio já começou me deixando feliz, ao ver a debandada da tchurminha do pier, que espantou meus medos de que os O6 fossem todos voltar pra ilha de mãos dadas e saltitando já no sétimo ou oitavo episódio da temporada. Também me causou extrema satisfação ver a Kate mandando o Jack tomar no toba, ele é muito idiota se achava que ia aparecer com o Ben a tiracolo e ela ia aceitar numa boa a idéia de voltar. Mesma coisa o Sayid deixando o quarteto fantástico e avisando que vai receber na bala quem tentar ir atrás dele. Já o Ben prova que não é qualquer femme fatale de jardim-de-infância que vai derrotá-lo em seu próprio jogo e dá uma volta tão fácil na Sun que chega a dar pena. Ah, e ainda vislumbramos o início do futuro romance entre Ji Yeon (fofa!!!) e Aaron Littleton! Vocês leram aqui primeiro, crianças!

De volta a 1988, as cenas com a equipe da jovem (e gata) Danielle foram um banquete para os fãs de longa data! Vimos o primeiro encontro deles com o Lostzilla (com fome de novo, yay!), vimos aquelas ruínas misteriosas aonde Montand perde o braço (ou melhor dizendo, o braço perde Montand, né Danielle?), vimos Jin ser o responsável por preservar a vida da Rousseau por tempo suficiente para a Alex nascer... e num salto temporal que serviu quase como um fast-forward no flashback in loco vivido pelo Jin, vimos Danielle já locadavagina matando o pai de sua filha (quem disser que Alex é filha biológica do Ben agora vai receber uma carta com Anthrax, falo muito sério), num ato inexplicável para um casal que poucos meses antes superexpôs tanto seu romance para a câmera, e nos jogando quase que desinteressadamente a informação de que ele era um hospedeiro! Depois de tantos mistérios resolvidos nos últimos episódios, bem que eu já tava sentindo saudades mesmo de um mistério novo pra poder roer ;)

Daí para sabe-se lá quando, vemos enfim o reencontro de Jin com o restante dos Losties in Time. Destaque para o Sawyer quase dando um glomp no coreano, e depois a gafe maravilhosamente hilária do Miles achando que Jin estava pedindo para ele ser seu intérprete ("ele é da Coréia, eu sou da Califórnia!"). Vemos os saltos temporais ficando cada vez mais descontrolados, e subitamente a pobre Charlotte cai no chão para nunca mais levantar. Eu realmente queria que ela continuasse na série (se bem que agora que estamos viajando pelas épocas, nada impede que ela morra e continue sendo até do elenco fixo se quiser), mas quando ela começou a dar o serviço todo e fechar redondinho o mistério de sua ligação com a ilha, eu vi que era inevitável e que ela ia mesmo cantar para subir. O que eu não esperava, era ela se lembrando de ter encontrado Daniel quando era pequena! Arrepio na espinha número um. E quero ver o que os teoristas da implantação de memórias no presente simultaneamente à exibição de cenas do passado terão a dizer sobre isso. Até porque, essa cena não foi mostrada na série ainda, e pela cara de WTF que o Daniel fez, ele mesmo ainda não vivenciou esse encontro. Tem tudo para ser uma cena avassaladora, só basta achar uma atriz mirim ruivinha que se sustente em cena com o Jeremy Davies. Mal posso esperar!

Outra cena de absoluto destaque, que me fez urrar e chutar o ar de alegria, foi o CHILIQUE que Ben dá com Jack e a Sun durante a lengalenga deles dois. Juro que bati palmas! Michael Emerson não é Michael Emerson à toa, e prova que seu personagem ainda tem muito a oferecer antes de virar uma caricatura de si mesmo - contanto que o roteiro ajude. Confesso que estava enfastiado com o Ben desde o episódio passado porque ele ultimamente era onipresente, onisciente e puxava todas as cordas, o que simplesmente não tem nada a ver com Benjamin Linus clássico, que sempre foi um cara que, por mais que pudesse ficar confortavelmente ditando as jogadas, estava sempre arriscando, blefando, subindo apostas e abusando dos limites de seu controle sobre a situação - e justamente por isso ele perdeu a filha. Ele teria conseguido arrebanhar a Sun com ou sem aquele ataque de pelanca, ele fez porque ele se diverte chutando o balde. Esse, sim, é o Ben que eu respeito =) Arrepio número 2.

Agora. Destaque máximo do episódio, sem sombra de dúvidas, lá no alto e reinando soberano, foi a interpretação MARAVILHOSA do Terry O'Quinn conversando com Jacob dentro do poço. Estou seriamente abalado ainda pelos longos e silenciosos momentos que ele leva para assimilar que sim, ele vai morrer, e vai fazer isso para trazer de volta para SUA ilha gente que nem queria (ou merecia) estar lá. Mas ele ainda assim o faz. Faz porque é a vontade da ilha, e tal qual os caprichos de uma amada inconsequente, ele é incapaz de negar. E quantos atores televisivos da atualidade conseguem dizer tanta coisa APENAS com o olhar e a respiração? Não muitos. Arrepios múltiplos com essa cena, até agora só de lembrar.

E como se não bastasse essa carga emocional toda, a cena ainda nos presenteia com mais um caminhão de informações! Locke deveria ter movido a ilha, e não Ben! Jacob despreza o Ben e dá um puxão de orelha no Locke por ainda dar ouvidos àquela víbora. E, finalmente, é revelado o motivo da ilha estar soluçando no tempo - pelo menos o aparente. A roda de burro estava fora de seu eixo. Ou seja, tudo culpa do Locke que deu ouvidos ao Ben, que por sua fez conseguiu estragar o brinquedo. Típico. E o que dizer da excelente última troca de frases entre Christian Jacob Shepherd e Locke? "- Diga oi ao meu filho!"; "- Quem é seu filho?!" =D Eu ri!

Para fechar com chave de ouro o episódio, temos finalmente a confirmação em-cena do spoiler mais mal-guardado dos últimos tempos: a misteriosa Sra. Hawking é Eloise Hawking, e é a mãe de Faraday. TODOS: -Ooooooohhhhhhh!!!! =OOO Ninguém desconfiava, Darlton. Nem mesmo depois dessa teoria ter sido "espontaneamente" conjecturada por 11 entre 10 fãs da série nas últimas duas semanas. Enfim, tem spoilers que de fato ganham vida própria. Nenhum grande dano aí, a não ser ter deixado o suspense da última cena parecendo forçado e idiota. Mas antes disso teve o reencontro de Desmond com um bando de gente que ele esperava nunca mais ver na vida, que valeu pelo episódio inteiro! E a cara que o Ben fez quando ele cita a "mãe de Faraday" leva a crer que ele próprio não conhecia esse detalhe. O que não deixa de ser interessante, afinal é o Desmond - o radical-livre do tempo - jogando novas informações em velhas contendas que existem desde que o relógio anda pra frente. Quem sabe?

E esse certamente foi o maior comentário que eu já escrevi sobre basicamente qualquer coisa. Culpa de Lost, que a cada semana fica mais empolgante. Que venha logo o 5x06 com seus preciosos minutos extras!!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

5x04 "The Little Prince"

Gente, quando eu disse semana passada que ainda não me acostumei com a velocidade dos acontecimentos em Lost, eu nem sabia o que me aguardava. The Little Prince é o maior vagalhão de cenas reveladoras da história da série. Aliás, já seria mesmo sem o último bloco! Em algum momento da metade pra frente do episódio eu realmente comecei a achar que ia precisar dar um pause pra ajudar a assimilar tudo. Assistir sem os intervalos comerciais não é para os fracos de coração não.

O episódio só não é uma obra-prima porque em alguns momentos o texto me fez rolar olhos (Sawyer dizendo basicamente para a câmera há quanto tempo Charlotte estava desacordada, ou o SOFRÍVEL ping-pong dos Losties no acampamento abandonado), mas chega a ser vergonhoso apontar defeitinhos depois de tantos momentos impressionantes que o diretor nos dá. A cena de Sawyer vendo a Kate de 2 meses antes fazendo o parto da Claire foi incrível. De todas as formas que podiam escolher para introduzir essas colisões temporais na série, acho que pegaram a melhor.

Uma das coisas que me deixou empolgado no episódio foi ver os produtores começando a fazer exatamente o que eu esperava que fizessem com esses soluços temporais: apresentar o enredo da temporada como peças de um quebra-cabeças que parecem desconexas a princípio mas se encaixarão com sonoros e retumbantes "plec"s mais pra perto do finale. Só espero que eles não cedam à tentação de explicar tudo muito rápido (já que estão no embalo), como aliás fizeram com o mistério do contratante dos advogados que acossam a Kate. Me senti assistindo Heroes, aquela série em que todos os ganchos épicos deixados por um episódio são resolvidos em 5 minutos no episódio seguinte. Nunca em toda a minha vida achei que fosse dizer isso, mas ao menos uma vez na história eu preferia que Lost tivesse mantido o mistério por mais tempo. Me internem! =P

Não sei nem se devo comentar as revelações do episódio, porque foram tantas. Os outros losties começando a ter sangramentos - Faraday insinuando que quem tem mais tempo de contato com a ilha sofreria os efeitos primeiro, e Miles dizendo que nunca esteve lá, ao que Faraday responde com o enigmático-mas-nem-tanto "tem certeza?" Bem, eu tenho, tenho certeza agora que Miles é o filho do "Dr." Pierre Chang =). Além disso, vimos a primeira menção on-screen à Ajira Airways. E putaqueospariu, JIN ESTÁ VIVO!!! Ô coreano sortudo com naufrágio da porra, hahahahhahaha! Segunda vez que ele sobrevive a uma explosão em alto mar em menos de 3 meses! E ainda conseguiu ser jogado pra dentro da área de efeito da ilha, já que os destroços do cargueiro não foram. Sim, foi forçado, mas quem se importa? Jin é o cara e merece viver!

Por fim, eu urrei de alegria aqui no exato momento em que Locke pergunta "alguém sabe falar Francês"? Dali em diante - resgate do Jin à parte - rolou uma encheção de linguiça básica pra pronunciarem o nome dela, quando todo mundo já estava repetindo "Danielle Rousseau! Danielle Rousseau!!" mentalmente, mas é perdoável. Até porque, valha-me zeus, como aquela francesa esquisita era GATA quando jovem hein, minha gente?? Podem encher linguiça com closes nela o quanto vocês quiserem!

Mas apesar do recheio suculento de revelações estar concentrado na ilha, tal qual no episódio passado, dessa vez tivemos também desenvolvimentos do lado dos Oceanic Six. E infelizmente, eu não consegui dar uma pelota furada para o que acontece com eles, e só não dormi nas partes fora da ilha porque a cena de ação do Sayid deu uma adrenalizada. Não que eu ache que o enredo fora da ilha esteja sem-graça, é que reunir todos eles menos um no mesmo lugar no fim do episódio cortou totalmente a tensão que tinha sido criada com os encontros e desencontros ao longo do episódio. São núcleos antagônicos, os O6 e os Losties. Enquanto os primeiros estão correndo com o argumento e economizando em reviravoltas, os segundos estão vivendo eternas "cenas do próximo capítulo" salpicadas aqui e ali. Deveria funcionar como contraponto, só que não funcionou. Espero sinceramente que o Hurley não saia da cadeia no próximo episódio em que os Oceanic 6 apareçam, senão vou ficar um pouco decepcionado. O ritmo da quarta temporada foi tão perfeito, é sacanagem estragá-lo na quinta.

E é isso aí. Até agora, de quatro episódios exibidos, três foram absolutamente explosivos. Será que Lost aguenta esse compasso até o fim da temporada? Ou melhor - será que nós aguentamos?? A conferir.